Educação, prioridade para quem? – Coluna da Jayana da Silva
A pandemia provocou um aumento no número de adolescentes que abandonaram os estudos e com isso, o Brasil volta a aumentar os índices de pessoas que não concluíram o ensino fundamental e médio, o que não acontecia há anos. Além disso, antes da pandemia, tínhamos 1,7 milhão de jovens em idade escolar fora das salas, número que disparou para mais de 5 milhões.
Ainda sobre evasão escolar, só em Santa Catarina, o Governo do Estado, levantou informações que cerca de 10 mil jovens não retornaram às aulas. Vocês imaginam como vai ser difícil buscar cada um destes alunos de volta ?
Para se ter ideia, o Brasil retrocedeu 11 anos no nível de ensino de matemática e 3 anos em português, segundo os dados da Fundação Getúlio Vargas. É desesperador imaginar que um cenário que já era muito ruim, ficou ainda pior, e olha que menciono aqui duas matérias básicas ( português e matemática ) , imaginem como está o conhecimento em áreas mais complexas como química, física e biologia, por exemplo.
Entre os principais motivos levantados pelos jovens, estão a dificuldade de aprender na modalidade virtual, ausência de internet e equipamentos adequados, e a necessidade de trabalhar para complementar a renda da família. Tudo isso é reflexo do fechamento das escolas durante a pandemia !
O Brasil é o país que manteve as escolas fechadas por mais tempo entre os países da OCDE.
Isso evidencia que, se por um lado a educação é a maior arma para a redução da pobreza e está em todos os discursos, deixa de ser prioridade no momento em que as pessoas ficam com medo de morrer ( de covid-19 ) , passar fome , perder dinheiro ou “lutam” pelos direitos de uma categoria , salários… perceberam como, na verdade, não é prioridade para ( praticamente ) ninguém ?
Recursos para reformar ponte, arrumar estrada e fazer praças, são muito mais solicitados do que cursos de formação para professores, material escolar de qualidade e equipamentos de ponta para as escolas. Já existe a obrigação de 25% de investimento do orçamento em educação, porém, conversando com gestores percebe-se que a maioria não tem a mínima ideia de onde por este dinheiro depois de suprir as demandas básicas de infraestrutura.
Precisamos encarar honestamente a realidade de que não priorizamos a educação
Entre todas as atividades “essenciais”, os bares reabriram antes que as escolas. As universidades públicas não retornaram até hoje! Este assunto precisa ser tratado com seriedade e sem viés ideológico, tomando por exemplo os países que apresentam bons resultados. Não há salvador da pátria. Não há um só culpado. Não vamos fingir que antes da pandemia tudo estava indo bem. O Brasil já ocupava o 53º lugar em educação, entre 65 países avaliados ( PISA ) .
Há necessidade de uma autocritica por todos os profissionais do setor; das famílias, que não acompanham o desemprenho das crianças; dos jovens, que ficaram de “férias” durante a pandemia mesmo tendo os recursos para estudar; dos políticos, que basearam suas decisões em interesses eleitorais; do estado, que não oferece condições justas para os mais carentes e, principalmente, daqueles que resumem melhoria de educação exclusivamente a investimentos financeiros. Nos últimos anos esta falácia tem sido a mais disseminada.
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