Escolhi para nossa conversa de hoje duas observações com algum potencial polêmico. Primeira: acho que o tal “Centrão” presta um serviço importante para o País. Apesar de suas inúmeras falhas de caráter, esse ajuntamento de parlamentares age como um moderador político. Muita gente costuma xingar o pessoal como se ele produzisse apenas coisa ruim. E faz mesmo muita lambança. O MDB em geral, o PP idem, setores do PSD, entre outros, estão sempre do lado de quem ganhou a eleição. Hay Gobierno? Estoy a favor. E o grupão não tem vergonha dessa condição de adesista. Isso é condenável? Claro que é, mas, tem um efeito colateral benigno. Como se trata, por suposto, de uma congregação “de centro” seus membros não gostam de radicalismos. E o resultado dessa, digamos, “coerência ideológica”, é que o bonde dos oportunistas bloqueia os desatinos de algum presidente cercado de destemperados. Olha lá, seu Presidente, dizem eles, nós te garantimos aqui no Congresso, mas isso aí que você enviou para cá, isso não passa. Nossa base não aguenta. Segura seus doidos aí que aqui nós damos um jeito de aprovar uma alternativa mais mansa. É assim que funciona. É assim que a banda toca. O velho e surrado Centrão, que já praticou muitas e boas, funciona, de certa forma, como um harmonizador, um amaciador de situações encrespadas, evita estragos graves. Tem tido, portanto, um papel apreciável em momentos de ânimos exaltados, como esses de agora. Esse fato deveria apaziguar um pouco o estado de espírito dos aflitos que temem que o Brasil vire um país comunista a partir do começo do próximo ano. Temo até que as ações da honestidade e da moralidade possam cair bastante na bolsa de valores da política, mas, o perigo de uma virada da mesa para o lado esquerdo é bem menor.

A evidência de que não houve fraude na eleição

Segunda observação: eu acredito, com absoluta segurança, que não existiu fraude nas eleições. E faço essa afirmação graças às pesquisas. Ora, dirá algum desses arrenegados que estão por aí: pesquisas falham, podem ser compradas, há evidências de erros crassos cometidos. Tudo certo, eu também acho tudo isso aí. E costumo dizer que não dá para acreditar numa pesquisa isolada, nem talvez em duas ou três mesmo quando apresentam resultados semelhantes. Elas podem estar erradas por ineficiência ou desonestidade. Quando, porém, todas as pesquisas indicam um mesmo caminho, quando, entre elas, está pelo menos uma absolutamente insuspeita e competente, é preciso acreditar porque, invariavelmente, elas apontam o desfecho certo. No caso da eleição presidencial, ali no segundo turno, eu examinei um bocado desses levantamentos que investigam as intenções de voto dos eleitores e cujo trabalho foi exibido em diversos órgãos de informação. Todos mostravam uma vitória do candidato que acabou sendo realmente o vencedor. Umas davam vantagem maior, a maioria indicava um desfecho no pau da goiabeira. Mas, houve unanimidade em um ponto: ninguém previu vitória de Bolsonaro. E, entre esses institutos estava o tal indiscutivelmente “insuspeito”: o Paraná Pesquisas que, além de um histórico de acertos, que incluía o resultado do primeiro turno, podia apresentar como garantia dessa isenção o fato de que, na mesma época, trabalhava para o PL, o partido do atual Presidente e então candidato à reeleição. Era, pois, o instituto da confiança do pessoal do Bolsonaro. Se também ele mostrava que, nas vésperas da eleição, Lula estava à frente na preferência dos eleitores, e que o resultado seria apertadíssimo, por que duvidar do resultado efetivo das urnas que confirmou esse comportamento dos votantes?