As dúvidas que persistem para definição das chapas – Coluna do Paulo Gouvêa
A eleição para Governador de Santa Catarina permanece com algum grau de incerteza. De um lado parece claro que quatro dos possíveis candidatos praticamente confirmaram sua presença na urna eletrônica do dia dois de outubro. São eles, com uma alteração para menos em relação ao que cravei duas semanas atrás, o atual Governador Carlos Moisés, o até um mês atrás prefeito de Florianópolis Gean Loureiro, o Senador Jorginho Mello e o ex-Promotor de Justiça Odair Tramontin. Sai fora da relação agora o Senador Dário Berger porque há um ruído alto nas conversas entre PSB e PT. Chegou a ser dada como certa a existência de um compromisso de Lula com seu presumível vice Geraldo Alkmin de que, em Santa Catarina, o candidato de ambos seria do PSB, ou seja, Dário. Mas, ultimamente parece que o bloco da esquerda está preferindo o ex-prefeito de Blumenau Décio Lima. Talvez os dois concorram. Este caso, portanto, fica pendente. E há também aquelas indefinições crônicas do MDB e do PP: se eles engrenam com seus candidatos próprios, Antídio Lunelli e Esperidião Amin, ou se embarcam na canoa de Moisés. Parece claro que, se Antídio for candidato, isso é ruim para Moisés, que perde oficialmente o MDB e seu tempo de rádio e TV, e, como decorrência natural, é bom para Jorginho e Gean. Por outro lado, uma candidatura de Dário sem PT tem efeito contrário, embora não tão forte: atrapalha a votação de Gean na Grande Florianópolis e de Jorginho de modo geral. Agora, se Esperidião se viabilizar, ele espalha votos desde a esquerda até os bolsonaristas.
Fora isso, só restam algumas incertezas nos partidos e alianças menores, ainda com pouca visibilidade
O efeito das federações no estado
O dia 31 de agosto encerra a possibilidade de partidos políticos pedirem ao TSE a criação de federações partidárias habilitadas a participar das eleições de 2022. Até o dia anterior às 12 horas três desse tipo de agrupamento de partidos já haviam sido concretizados. E o que foi unido lá em cima, o pessoal dos Estados não pode separar. Ou seja, durante o período da federalização, de pelo menos quatro anos, os partidos envolvidos funcionam como se fossem um único partido. É permitido até se aglutinarem em coligações (nas eleições majoritárias por suposto) que incluam partidos de fora da federação. Mas, para fazer isso, todo os participantes da federação têm de ir juntos e abraçados. Por exemplo: o PT não pode decidir por conta própria apoiar Dário Berger do PSB se o PV e o PCB não concordarem. E assim também se o Cidadania quisesse apoiar Gean Loureiro do União só conseguiria se o PSDB também aderisse. Federação não é um namorico eventual, com data marcada para terminar como uma coligação, nem chega a ser um casamento no cartório e na igreja com validade indefinida como a fusão, mas é uma união estável, com anel no dedo e tudo mais.
Uma grande certeza
Pode-se ter também como certo, no que diz respeito à eleição para o Governo, que haverá segundo turno. Com esse grupo forte de concorrentes, não há como algum deles fazer mais votos que todos os demais em conjunto. Dá para apostar com tranquilidade que a parada será definida numa grande final no dia 30, último domingo de outubro. Como não sou vidente nem chutador, deixo de prever quem estará lá nessa última volta. E como analista me faltam os dados essenciais da composição final das candidaturas e das pesquisas feitas já durante a campanha eleitoral. É claro que, na condição de eleitor e palpiteiro, tenho minha hipótese da dupla que vai para o segundo turno, mas manifestar isso, neste momento só em algum bate-papo de boteco ou barbearia, não neste espaço nobre do Marcelo Lula.
O enigma que desafia os candidatos
A evidência de que haverá uma segunda eleição quatro semanas depois da primeira, impõe aos candidatos, ainda no primeiro turno, a necessidade de definir estratégias com vistas ao segundo. A assessoria do candidato e seu próprio nariz precisam prever quem dos que não passarão para a final, podem vir a ser seus aliados. Estes precisam ser bem tratados nas declarações do candidato durante a primeira etapa da campanha. Já vi muito concorrente perder no segundo turno porque lhe faltou apoio de candidatos derrotados no primeiro. E assim aconteceu porque, por imprevidência, ele bateu em quem não poderia ter batido. E tratou melhor quem por certo não poderia ser seu parceiro futuro.
Às vezes essas apostas são enigmáticas. Requerem faro afiado e bom aconselhamento.