Escrevo este texto com o pensamento voltado à construção de um novo Plano para Santa Catarina, necessidade que venho colocando aqui nas colunas desde o final do ano passado – um Plano com políticas públicas duradouras e que contemple planos regionais sólidos e integrados.


Hoje vamos falar de três letras que estão tomando conta do planeta e que também chegam ao nosso Estado – e requerem muito da nossa atenção para o futuro imediato.
Gestada do Pacto Global, proposto ONU no início do milênio, lapidada e adotada com estardalhaço pelo mercado corporativo e financeiro, a sigla transformada em qualificativo, ESG, está se espraiando. A popularização pode ensejar algumas reflexões e exageros, já que a preocupação com o meio ambiente, os relacionamentos humanos e responsabilidade ampliada e transparente das organizações é algo premente, quiçá permanente.


No original em inglês, “E” vem de “environmental”, consolidando as questões ambientais, de preservação, recuperação, baixa emissão; o “S” de “social”, com atenção especial às comunidades onde se insere e interage; e o “G” de “governance”, com o regramento das práticas sustentáveis, ética, transparência e conduta.


Essa força adquirida no mercado corporativo vem desde 2004, quando o Pacto Global e o Banco Mundial publicaram o relatório “Who Cares Wind”, algo como “Quem se Importa Ganha”. Ou seja, mais que o foco no próprio negócio e lucros a (quase) qualquer preço, companhias com mais atenção às questões ambientais, sociais e de governança teriam melhores resultados no longo prazo.


Da mesma semente do conceito ESG nasceram os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), um conjunto de 17 indicadores gerais, porém mais associados à gestão pública. Os ODS são uma agenda mundial, com metas a serem atingidas até 2030. No ranking mais recente, com 770 cidades brasileiras, Florianópolis ficou em 56º lugar geral e em terceiro entre as capitais. Ou seja, há um longo, porém viável, caminho a ser percorrido.


Uma das formas de acelerar esse processo é um maior envolvimento do setor privado. Por suas características, não há capital estadual mais adequada para o encontro do ESG com os ODS que Florianópolis. Já passou a hora de serem superados alguns dos limites entre o público e o privado, sem prejuízo de suas responsabilidades.


Durante dez anos o IBGE acompanhou as mudanças que ocorreram na Capital e, em 2020, a classificou como uma das 15 metrópoles do país – antes era considerada capital regional. Essa mudança leva em consideração diversos fatores, como o aumento da população, o crescimento no número de empresas (e a manutenção dos empregos) e a conurbação – a integração física entre as cidades da região. É o atestado de evolução social da região e de sua função indutora de desenvolvimento para todo o Estado.
É o momento de Florianópolis ousar e se lançar como a primeira capital ESG do país. Sem modismos: um trabalho consciente, que una a busca pela evolução nos ODS ao chamamento do setor privado a ampliar sua participação nas conquistas sociais.
Desta forma também cumprimos outro item fundamental de um novo Plano de Vida para SC: devolver a Florianópolis o seu papel de liderança como Capital, de formuladora da políticas estaduais e luz do farol que aponta o caminho do futuro para os catarinenses.