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A operação da Polícia Civil que levou à prisão um servidor da Prefeitura de Florianópolis gerou um mal-estar entre integrantes do executivo municipal em relação ao Governo do Estado. Algumas fontes me relataram os bastidores da situação.

Uma das pessoas me disse que o prefeito Topázio Neto (PSD) ficou incomodado com o fato de não ter havido um alerta prévio dos investigadores para que o servidor Felipe Pereira, preso durante a operação, fosse afastado, já que o vídeo com o servidor extorquindo o construtor Arlan Nunes Quell foi gravado há mais de um ano. A Prefeitura de Florianópolis firmou, ao final do ano passado, um convênio com a Polícia Civil para a criação de um núcleo de anticorrupção. O núcleo é responsável por verificar processos e atuar preventivamente, além de garantir que investigações sejam realizadas nos casos suspeitos de corrupção.

Além de não ter havido a cooperação para evitar que o servidor continuasse delinquindo, conforme mostram as imagens divulgadas pelo SCemPauta, a fonte também relatou que um suposto vazamento para um grande canal de TV nacional pode ter sido motivado por fins políticos, já que o repórter teria chegado a Florianópolis um dia antes da operação. “O sentimento é que alguém no Governo do Estado pode ter tentado gerar algum desgaste para a gestão do Topázio (Neto)”, relatou a fonte.

Procurado, o delegado-geral Ulisses Gabriel negou que tenha havido qualquer vazamento seletivo. “Te afirmo que não ocorreu vazamento seletivo. Vários canais divulgaram a informação antes do Fantástico”, disse. A questão é que, de fato, vários canais, inclusive o SCemPauta, divulgaram antes do programa, mas somente o Fantástico soube antecipadamente da operação.

Gabriel me disse que só em 2023 foram 14 operações em 17 cidades, destacando que nenhum caso envolveu política. Por sua vez, o delegado Daniel Régis, diretor Estadual de Investigações Criminais, disse que a Polícia Civil é uma instituição bicentenária, órgão de Estado e apolítica. “Qualquer afirmação noutro sentido é desprovida de lastro minimamente na nossa história! Temos uma polícia judiciária que é referência nacional e merecemos respeito”, afirmou.

O fato é que ficou no ar, para pessoas próximas ao prefeito Topázio, um sentimento de que o objetivo do governo, através dos policiais, foi gerar a sensação de que houve corrupção na gestão atual, quando, de acordo com uma das lideranças, foi um caso envolvendo servidores que supostamente delinquiam há algum tempo. “A gestão do Topázio apoia as investigações, mas o acordo firmado com a Polícia Civil para cooperação não funcionou nesse caso, dando a impressão de que pode ter sido para gerar desgaste. Qual o objetivo?”, questionou uma liderança.

Novas fases

Uma fonte policial me disse que as investigações devem seguir com possíveis outras fases. O rastro do dinheiro poderá revelar mais nomes e dar novos rumos ao caso. Os policiais trabalham com a informação de que semanalmente o grupo recolhia cerca de R$ 500 mil, dinheiro oriundo da extorsão. Se esse valor se confirmar, são cerca de R$ 2 milhões por mês de propina. Onde está ou, para onde foi esse dinheiro?

Poder paralelo

Um trecho do inquérito mostra que dentro da Prefeitura de Florianópolis atuavam pessoas que exerciam um verdadeiro poder paralelo ao município. O empresário Arlan Nunes Quell relatou que após ter tido uma obra demolida, foi acompanhado de seu sócio à prefeitura para conversar com o chefe de Fiscalização, Nei João. Antes de entrar na sala, foram obrigados a deixar os celulares em uma gaveta no corredor. Quando entraram no gabinete de Nei João, lá também estavam o engenheiro Rodrigo Djarma e o assistente jurídico Fernando Berthier da Silva. Quell informou aos policiais durante o seu depoimento que ouviu dos três que “ali estariam os três poderes: quem aprovava, quem assinava e quem demolia”. De acordo com a polícia, cabia ao engenheiro aprovar a demolição, o assistente jurídico assinava e autorizava a demolição enquanto o chefe da Fiscalização era o responsável por demolir, o que não ocorreria se houvesse um “entendimento” relacionado a propina.

Inconveniente 1

Conversas interceptadas pela Polícia Federal do celular de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), mostram que o senador catarinense, Jorge Seif (PL), tinha uma prática um tanto inconveniente. Em uma troca de mensagens entre Cid e o então chefe de gabinete de Bolsonaro, Célio Faria, eles comentaram a agenda do então presidente, quando o então ajudante de ordens escreveu: “Ainda bem que Seif e Gilson sumiram nesta semana”. Gilson Machado era ministro do Turismo.

Inconveniente 2

Em outra troca de mensagens, o então ajudante de ordens da Presidência, Mauro Cid, contou para Célio Faria, dando risada, que Jorge Seif Júnior gostaria de falar com Jair Bolsonaro (PL). Ao avisar o então presidente, ouviu uma resposta com xingamento. Cid comentou: “Não vou falar nada…”, e Faria respondeu enviando um emoji de enjoo.

Filiações ao MDB

O MDB realizará hoje à noite um evento de filiação partidária em Florianópolis. O encontro acontecerá às 19h30 no Lira Tênis Clube. Estarão presentes o presidente estadual, deputado federal Carlos Chiodini, o deputado federal Valdir Cobalchini, o presidente da Câmara de Vereadores João Cobalchini (UB) e o prefeito de Florianópolis Topázio Neto (PSD), além de outras lideranças do partido. O gesto do presidente do MDB, Fúlvio Rosar, de convidar o prefeito da capital, soa como um sinal de que estarão juntos na próxima eleição.

Se aproximando

A presença do governador Jorginho Mello (PL) no casamento da filha do deputado estadual Zé Milton Scheffer (Progressistas), Marcela Scheffer, com Rodrigo Favarin, no sábado (16), reflete o prestígio do parlamentar junto ao Governo do Estado. A abertura na agenda do governador foi um gesto de aproximação do possível próximo presidente estadual do Progressistas.

Setor prisional

O advogado Márcio Bueno, diretor jurídico da Associação de Parceiros Empresários do Sistema Prisional de Santa Catarina (APESISC), se reuniu com o secretário de Estado de Administração Prisional, Carlos Alves. Também estiveram presentes a secretária de Estado Adjunta de Administração Prisional, Joana Vicini, e o diretor de Administração e Finanças da Secretaria de Administração Prisional, Bruno Gabriel. Bueno, com amplo conhecimento na área, foi tratar dos assuntos referentes aos trabalhos dos apenados dentro do Sistema Prisional Catarinense. O modelo adotado por Santa Catarina é exemplo para todo o Brasil e precisa ser ampliado.

Fabrício e Lula em Nova Iorque

O prefeito de Balneário Camboriú, Fabrício Oliveira (PL), está em Nova Iorque para apresentar, na ONU, o programa da cidade que virou referência internacional no combate ao suicídio e ao pensamento depressivo. Mesmo local em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fará o discurso de abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, cujos temas de destaque devem ser as mudanças climáticas e a transição energética. Curiosamente, Fabrício ganhou destaque nacional ao se postar em frente às câmeras no Congresso Nacional e ao lado dos parlamentares que votavam o impeachment da então presidente Dilma Roussef (PT) em 2016. Nos bastidores, se diz que é uma tentativa do atual prefeito de BC de se aproximar de Lula, prestigiando e aplaudindo o discurso do chefe da nação que será proferido amanhã.

Missão aos EUA

Liderando uma delegação de deputados integrantes da União Interamericana de Parlamentares (Unipa), em missão de trabalho nos Estados Unidos que encerrou neste fim de semana, o presidente da entidade, deputado estadual Ivan Naatz (PL), e comitiva tiveram reuniões com a direção da histórica universidade inclusiva Howard, de Washington D.C. Acompanhados também de representantes da Embaixada Brasileira na Capital norte-americana, a delegação discutiu a proposta de um termo de cooperação e intercâmbio acadêmico com universidades filantrópicas catarinenses, a exemplo do que já existe lá com instituições de ensino superior da Colômbia.

Encontro na OEA

Outra reunião em que os deputados estaduais participaram aconteceu na sede da Organização dos Estados Americanos (OEA), com o secretário-geral da entidade, o uruguaio Luiz Almagro, e sua equipe. Foi proposta também a ideia de um acordo de cooperação entre a Escola do Legislativo da Alesc e a Escola de Governo da OEA, já que ambas têm objetivos e práticas semelhantes no sentido da capacitação de servidores públicos, fortalecimento de práticas democráticas e de transparência institucional, além de estímulo à cidadania.

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