Você acha possível que o Presidente Lula possa ajudar o Bolsonaro? Que ele possa socorrer o ex-Presidente na encrenca dos presentes recebidos nas arábias? Parece exótico, mas, é possível. O que acontece é que Lula está defendendo um argumento que favorece Bolsonaro. Veja só, muito resumidamente: sete anos atrás o Tribunal de Contas da União mandou Lula devolver 21 presentes que recebeu de autoridades estrangeiras. Recebeu e não entregou ao patrimônio público.

O TCU então determinou que aquilo tudo fosse incorporado ao acervo da Presidência. Lula, porém, como queria ficar com os regalos, entrou com uma ação para anular a decisão do Tribunal de Contas. Esse processo está no Tribunal Regional Federal da Terceira Região (TRF3). Um detalhe curioso, entre parênteses: segundo o noticiário, a relação dos bens que Lula enviou ao TCU não incluiu um relógio Piaget, avaliado em 80 mil reais, que ele ganhou do Presidente da França, e que tem sido visto no pulso do atual presidente. Numa das últimas edições da revista Veja aparece uma foto de Lula, em cima de um palanque, durante comício de campanha, exibindo o mesmo relógio. Acredita que é dele e ninguém tasca.

Outro fato: em 2016, a Polícia Federal encontrou uma sala-cofre da família Lula da Silva dentro de uma agência do Banco do Brasil em São Paulo. Dentro, havia cento e tantas peças, como jóias e obras de arte, levadas para lá ao final dos oito anos de Lula como presidente. Ele afirma no processo que aqueles tais 21 presentes que são objeto da questão ora em julgamento, foram dados a ele como pessoa física, e não como presidente. A ponderação de Lula é o ponto mais interessante desta história. O que ele diz é a mesma coisa que Bolsonaro está argumentando: que, no caso dele, o Rolex, o colar, e o resto, foram dados à sua pessoa e à sua esposa e não ao Governo. E que então eles podiam ficar com os presentes.

O processo do TRF3 esteve por ser decidido em abril, mas foi adiado para não se sabe quando. Alguns ministros do TCU têm comentado que uma decisão favorável a Lula pode ajudar muito a defesa de Bolsonaro. Seria engraçado, mas, o ex-presidente poderia até arrolar o atual, como testemunha de defesa, nas encrencas pelas quais está sendo questionado.