O juiz da Comarca de Rio do Sul, Tiago Fachin, tentou a ajuda do comando da Polícia Militar, para liberar medicamentos flagrados com o motoboy Roberto Carlos Ribeiro dos Santos.

Segundo as investigações do Ministério Público e do Gaeco, em 2 de abril passado, o motoboy levou para o magistrado uma caixa com 24 cartelas de Ritalina 10mg, contendo 20 comprimidos cada. A entrega seria feita em um posto de combustível na Rua XV de Novembro, no bairro Laranjeiras, em frente ao Fórum em Rio do Sul. Como o motoboy já estava sendo investigado, o Gaeco informou à Polícia Militar, que o abordou ao chegar ao local.

Ao ser questionado, Roberto relatou que os medicamentos seriam entregues ao juiz. No momento da abordagem, o magistrado chegou ao local e, confirmou aos policiais que a encomenda era sua. Ele chegou a apresentar uma receita médica do ano de 2017, tendo como paciente a sua esposa, Débora Fachin.

O que chamou a atenção dos investigadores, é que durante a abordagem, o juiz entrou em contato com o comandante do 13º batalhão da PM, na tentativa de liberar os medicamentos, alegando que haviam sido comprados pelo seu pai.

Como a polícia já havia sido informada da investigação, a orientação do comando aos policiais que atenderam a ocorrência, foi de liberar o motoboy, mas reter os remédios que foram entregues na delegacia.

Quantidade excessiva

De acordo com as investigações, considerando as aquisições de Ritalina feitas pelo juiz, Tiago Fachin, junto à organização criminosa, ao todo foram comprados 249.254 comprimidos. Os negócios de acordo com o inquérito, teriam iniciado em janeiro de 2016 até outubro do ano passado. Pelas contas feitas pelos investigadores, as aquisições, se fossem para o uso pessoal de Fachin, gerariam um consumo de 101 comprimidos por dia, o que é impossível para qualquer ser humano.

A quantidade aumentou as suspeitas do MP e do Gaeco, de que o medicamento era repassado pelo juiz a terceiros. A quebra de sigilo telefônico comprova a ligação de Fachin com Israel Sartori, apontado nas investigações como o líder da organização.

Entrei em contato com o advogado, Renato Boabaid, que está fazendo a defesa de Tiago Fachin. Ele me disse que não irá se manifestar por não ter tido acesso às investigações. Também entrei em contato com a assessoria da Polícia Militar que ficou de se manifestar.