Humilhação e menosprezo das diferenças – Coluna do Gabriel D’Ávila
No atual presente, o indivíduo vive sob a condição de “liberdade política”. O que isto quer dizer? Neste caso, o termo refere-se a que o indivíduo não possua nenhum tipo de impedimento ou obstáculo na hora de realizar as suas ações. O impedimento não deve dar-se nem por parte do Estado, nem por parte de qualquer outro indivíduo. Sendo assim, o indivíduo é politicamente livre, quer dizer, livre de impedimentos.
Nestes últimos anos, houve uma notória ampliação desta mesma “liberdade política” dirigida aos indivíduos, ao cidadão. No grupo LGBT por exemplo, milhões de pessoas lhes foram outorgados uma ampliação de direitos, e com tudo, foi ampliado o direito ao matrimônio Civil, possibilidade que antes não se encontrava prescrita pela lei brasileira. Até então, o Estado servia como obstáculo ou impedimento. Anos mais tarde, provou-se que a possibilidade de ampliar os direitos a grupos tais como LGBT não alteraria nem “ordem” e nem tampouco a “segurança” do Estado, e que dita ampliação manteria e preservaria o Estado da mesma forma em que se encontrava anteriormente.
Neste sentido, se denotaria um progresso, embora muito gradual, na ampliação dos direitos do cidadão, e de grupos como o LGBT. A lei iria avançando e iria cumprindo com o seu dever.
Mas mais além do âmbito da lei, também existe o âmbito da moral. A diferença entre lei e moral é significativa. Se a aplicação da lei serve para incriminar ao cidadão pelas suas ações, com risco de levá-lo à reclusão, por outro lado a moral serve para julgar a consciência do praticante.
Com tudo isto, me refiro a que o problema em ser homossexual hoje em dia não se refere à lei. A lei não incrimina a nenhuma pessoa pela sua orientação sexual. O problema encontra-se no âmbito moral; a nação, a cultura, a sociedade, ainda não passou a reconhecer a dignidade destes grupos, dos quais e ainda se encontram moralmente excluídos da sociedade. A nação, a cultura brasileira, ainda não foi capaz de dar a volta por cima das suas “próprias considerações”. Julgam a consciência daqueles de cuja orientação sexual é distinta àquela previamente estabelecida. Com tudo, lançam uma barreira que impede a entrada e a participação de novas e diferentes formas de vida, que em si mesmas, não alteram nem ordem e nem a segurança do Estado. Mas se o Estado não se vê alterado, e sua ordem tampouco ameaçada, então por qual motivo a sociedade ainda impõe resistência a tais grupos minoritários?
Resulta difícil de compreender o motivo pelo qual o Brasil, sendo este um país diverso e plural (cultura, raça, sociedade) siga impondo resistência a certos grupos que se caracterizam, igual que outros, pela sua diversidade.
Neste sentido, se faz estritamente necessário que centremos a nossa atenção na luta contra a humilhação e o menosprezo contra determinados grupos. Esta questão deve ser resolvida o quanto antes, pois permitiria que indivíduos pertencentes a grupos como o LGBT se sentissem reconhecidos pela sua escolha, e com tudo, não fossem subjugados pelos olhares alheios de pessoas que ainda se resistem, sem nenhum argumento, contra o que representa a própria nação brasileira: a sua rica e plural diversidade.
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