Nas últimas três colunas desta série sobre o futuro do nosso Estado venho abordando Propostas e Metas para o Turismo. Em resumo, colocamos a necessidade de iniciar com um profundo diagnóstico para criar uma política planejada, com a elaboração de planos turísticos regionais; em seguida, a ação para estruturar e divulgar Santa Catarina no Brasil e no exterior; como terceiro ponto, a obtenção de recursos por meio de diversas fontes; e, por último, a execução de ações, iniciativas e obras, às quais apresentei sugestões, exemplos e modelos que podem servir às vocações turísticas catarinenses.

Deixei para este artigo algo que considero fundamental na construção de todo esse projeto de futuro não só para o Turismo catarinense – mas para todo seu crescimento social e econômico, porque perpassa por sustentabilidade, preservação e educação ambiental, geração de emprego e renda para famílias de todo o Estado e aumento da arrecadação para aplicação em áreas básica como Educação, Saúde e Segurança Pública.

São os Parques Naturais catarinenses. Antes de apresentar propostas e mostrar o que pode ser feito, vou fazer um rápido desenho da atual situação desse setor em nosso Estado. É muito semelhante à do Brasil – temos parques naturais estaduais e federais em abundância, mas não conseguimos desenvolver nem 10% do potencial que eles têm. Um passo importante foi dado em agosto do ano passado, quando foram concedidos os parques nacionais Aparados da Serra e Serra Geral, entre Praia Grande (SC) e Cambará do Sul (RS), na divisa dos dois estados.

Há muita expectativa sobre o desempenho da empresa que ganhou a concessão, a Construcap, assim como para um novo processo de parceria privada para os parques nacionais das Araucárias (Oeste), de São Joaquim (Serra) e Serra do Itajaí (Vale).

Em nível estadual, temos 10 unidades de conservação, que são administradas pelo IMA, o Instituto do Meio Ambiente. Sete são parques abertos à visitação e três são reservas biológicas, com proteção integral da área e sem acesso ao público. De acordo com o IMA, em 2019, antes da pandemia, foram registrados quase 41 mil visitantes nos parques e a retomada das visitações recomeçou timidamente em 2021, com pouco mais de 3 mil visitantes. Neste ano, o número deve se aproximar ao de 2019, o que é muito pouco para tanto potencial.

Mas há uma boa perspectiva, anunciada pelo presidente do IMA, Daniel Vinicius Netto. Segundo ele, neste momento o Estado faz estudos de viabilidade em parceria com o BNDES para uma possível concessão dos parques estaduais Rio Canoas (Campos Novos, Serra), Serra do Tabuleiro (Grande Florianópolis), Fritz Plaumann (Concórdia, Meio Oeste), Acaraí (São Francisco do Sul) e Serra Furada (Orleans, Sul).

Outra iniciativa fundamental do IMA é o incentivo à criação das Reservas Particulares do Patrimônio Natural, unidades de conservação privadas que não precisam recursos públicos para regularização fundiária. Desde de 2011, já foram criadas 19 reservas deste tipo em SC e protegem principalmente áreas da Mata Atlântica.

Não posso deixar de destacar também que só Florianópolis tem 20 Unidades de Conservação: são cinco federais, três estaduais, três particulares e nove municipais. Criadas a partir da década de 1970, são imprescindíveis para a manutenção da geobiodiversidade e do planejamento urbano da cidade. Porém, também não recebem um número expressivo de visitantes.

Em São Paulo, os Parques Naturais receberam atenção especial nesses últimos quatro anos. Começamos por um forte programa de concessões, com por exemplo dos parques da Cantareira, do Horto, do Jardim Botânico, Zoológico e Zoo Safari, na Capital paulista, Capivari e Horto Florestal (Campos do Jordão) e Caminhos do Mar (Baixada Santista). As concessionárias ficam responsáveis pela zeladoria, manutenção e serviços, e também por fazer investimentos nos parques.

A política estratégica criada para o setor ganhou uma marca registrada em junho deste ano. Lançamos uma campanha para incentivar o turismo em Parques Naturais paulistas e a nova marca ‘Parques de São Paulo’, iniciativa que vai projetar o Estado como um destino de lazer ligado à natureza, dar visibilidade ao patrimônio natural e integrar seus 52 parques estaduais, que hoje já recebem 17 milhões de visitantes por ano.

Reconhecido mundialmente pelo turismo de negócios e seus arranha-céus, o Estado de São Paulo será revelado pelos atributos ambientais e atividades de ecoturismo. Seus parques oferecem ciclotrilhas e trekkings, locais de contemplação, hospedarias, praias, cavernas e cachoeiras, incluindo mais de 100 novos atrativos viabilizados pela Fundação Florestal.

Num exercício de imaginação, vamos transpor isso para Santa Catarina, com toda sua exuberante Natureza, no Litoral ao Grande Oeste, do Norte ao Sul, e podemos projetar o que esse potencial proporcionaria ao nosso Estado com uma política pública, ações, concessões e obras voltadas aos Parques Naturais. Com sustentabilidade, preservação, geração de empregos e renda, o Turismo catarinense seria elevado a um patamar mais elevado – que ele merece e precisa.