Durante o período da pandemia do Coronavírus, tivemos uma redução da atividade econômica em todo o mundo, com uma queda e uma reorganização de diversos negócios internacionais, principalmente na área dos investimentos. No caso dos investimentos, o Conselho Empresarial Brasil-China, sob o patrocínio do Banco Bradesco, realizou uma pesquisa de excelente nível, abordando a retomada dos investimentos chineses no Brasil, em 2021, para a qual faremos a seguir alguns apontamentos estratégicos.

Tivemos um crescimento de 208% de investimentos chineses no Brasil, comparado com 2020, chegando a USD 5,9 bilhões. São dados muito positivos com crescimento de 250% de projetos confirmados, totalizando 28, com taxa de efetivação de 97%. É claro que a base de comparação em 2020 era muito baixa, mas assinala a retomada do interesse dos chineses em investir no Brasil a partir de 2021, além do amadurecimento das relações Brasil-China.

O Brasil foi, em 2021, o principal destino dos investimentos chineses ao exterior, com participação de 13,6%, os países baixos com 10,5% de participação, a Colômbia com 9,1%, a Indonésia com 5,9%, Israel com 4,8% e outros com 56,1%. No caso da América do Sul, o Brasil recebeu 48% dos aportes entre 2005 e 2021.

O setor de energia tem sido o maior foco dos investimentos da China desde 2012, tendo 46% de participação no total, com 13 projetos confirmados em 2021, realizados pela Three Gorges, State Grid e Shanghai Shemar Power. Na segunda posição está o setor de Tecnologia da Informação, com 36% de participação, com 10 projetos realizados de empresas, como a MAS Capital, Ant Financial e Tecent.

Há ainda outros setores que tiveram as seguintes participações: de Extração de Petróleo e Gás, com 7%; de Atividades e Serviços Financeiros, com 4%; de Fabricação de Aparelhos Elétricos, com 4%, e de Fabricação de Automotivos, com 4%, respectivamente.

A forma de ingresso do capital em valores monetários (USD) envolveu operações de novas aquisições, com a participação de 49% e operações greenfield (operação iniciada a partir do zero), com 51%.

A região do Brasil que mais recebeu os investimentos em 2021 foi a Sudeste, com 79% de participação, depois, em segundo lugar, a região Centro-Oeste, com 10%, em terceiro lugar, a região Sul, com 7%, e em quarto lugar, a região Nordeste, com 3%.  Especificando a participação por estado, ficaria assim: São Paulo (59%); Rio de Janeiro (10%); Minas Gerais (10%); Goiás  (10%); Santa Catarina (3%); Rio Grande do Sul (3%), Mato Grosso do Sul (3%) e Ceará (3%).

Algumas operações de investimentos realizadas:

– Compra de 5% da DOZ pela Ant Financial ( Alibaba);

– Compra de participação no Nubank pela Tecent e MSA Capital;

– Compra de participação na Omie pela Tecent;

– Compra de participação na Favo pela MAS Capital;

– Diversos aportes em linhas de transmissão e geração pela Shanghai Shemar Power, State Grid e China Three Gorges;

– Compra da fábrica da Mercedes pela Great Wall Motors.

Com o cenário internacional marcado por incertezas, como a crise Ucrânia-Rússia, os altos custos da energia no mundo, as restrições dos EUA com a China, torna-se mais rigorosa a realização dos investimentos ao exterior. No entanto, o Brasil sendo considerado parceiro estratégico da China deverá manter um bom fluxo dos investimentos, porém, seguindo sempre critérios mais rígidos.

Portanto, há espaços para Santa Catarina atrair novos investimentos sustentáveis das empresas chinesas.  Vamos em frente!