
Em 1994, quando eu era Secretário de Transportes e Obras do Governador Vilson Kleinübing, estive certa vez a bordo de um pequeno avião que rumava para Chapecó, levando três ou quatro autoridades. Um dos viajantes era o então Vice-Governador Antônio Carlos Konder Reis. Como eu deveria ser candidato mais tarde naquele ano, resolvi aproveitar a experiência do ex-governador, ex-senador, ex-deputado, e perguntei quais conselhos ele daria a alguém como eu que concorreria pela primeira vez a deputado federal. Com seu tom professoral ele disse que me daria três conselhos. O primeiro: sempre que nas andanças da política, indo de uma reunião para um comício e para outro, eu enxergasse um banheiro, não deixasse de aproveitar a oportunidade, porque talvez não encontrasse depois. E, por certo, seria muito ruim estar em cima de um palanque sentindo necessidade de ir naquele lugar. O segundo conselho foi bem simples e autoexplicativo: nos almoços de beira de estrada, ou seja, onde for, evitar a maionese. Por fim, disse-me que o terceiro conselho era o mais sério e não poderia deixar de ser seguido sob pena de grande decepção na hora da contagem dos votos. Segundo ele, nas conversas que eu viesse a ter, Estado à fora, com cabos eleitorais, vereadores, prefeitos e quaisquer outros possíveis apoiadores, eu precisava anotar em um papel o número de votos que cada um prometia conseguir para mim. E, quando já de volta para casa, eu deveria pegar o total, dividir por dois e cortar pela metade. Feito isso, teria uma visão realista do tamanho da votação que poderia contar.