
Nada é tão ruim para uma boa ideia quanto uma má execução. Tenho dito isso todas as vezes que vejo excelentes oportunidades sendo desperdiçadas, principalmente na esfera pública – governos federal, estaduais, municipais ou arranjos regionais.
Quando a má implementação acontece, geralmente, aquela ideia que tinha um princípio ativo muito forte e positivo acaba sendo condenada ao ostracismo, eventualmente por décadas. Passam à frente na fila de projetos, então, iniciativas que não têm necessariamente a mesma qualidade.
Aliado a isso, há a descontinuidade de programas, mesmo que tenham apresentado bons resultados, simplesmente por terem sido lançados por outro grupo político, outra gestão ou partido. Como se o cidadão escolhesse ser atendido por uma política de centro, de esquerda ou de direita.
No extremo oposto há as iniciativas que passam anos gestando mais problemas – para o futuro – que soluções. Este é o foco de um livro lançado há algumas semanas “Para não esquecer: Políticas Públicas que Empobrecem o Brasil”, composto por 33 artigos e organizado pelo economista Paulo Mendes, considerado um dos idealizadores do “teto de gastos”, aprovado em 2016 na gestão do presidente Michel Temer e implantado a partir do ano seguinte.
Mendes faz a defesa do óbvio que, por essa característica, nem todos enxergam: no longo prazo, como deveriam ser as políticas públicas eficientes, o crescimento só acontece mediante um sistema econômico e institucional que viabilize o aumento da produtividade, fazendo mais e melhor com a mão de obra disponível e a incorporação de novas tecnologias.