A Educação do futuro em SC – Coluna do Vinícius Lummertz
Na coluna de semana passada estabelecemos aqui as bases para um programa educacional para Santa Catarina nos próximos anos. Antes de avançar para os pontos centrais desta reflexão de hoje – a valorização do professor, do profissional da Educação e o preparo dos estudantes para as novas profissões – quero agradecer as manifestações e comentários que recebi de integrantes do trade educacional do Estado, especialmente secretários e técnicos de cidades da Grande Florianópolis e do Instituto Positivo. Aliás, parabenizo o Instituto pelo trabalho que vem fazendo junto ao Arranjo de Desenvolvimento da Educação (ADE) Granfpolis, que reúne 22 municípios da região, com ações para a formação de gestores escolares e programa de alfabetização.
Recordando minhas colocações feitas na última coluna, o fato é que a Educação Pública Estadual está ancorada em um modelo pedagógico do século passado, formando os nossos jovens para uma Sociedade Industrial que não mais existe, pois estamos em uma transição evidente de uma Sociedade Analógica para uma Sociedade Digital, de uma Sociedade Industrial para uma Sociedade do Conhecimento, que exige uma nova pedagogia, uma pedagogia adaptada à Era Digital.
A Sociedade Digital pode ser entendida como as mudanças que a tecnologia digital provoca ou influencia na transformação digital – que é uma mudança estrutural da sociedade, economias, cidades e organizações, causada pela aplicação abrangente de tecnologias digitais e modelos de negócios digitais disruptivos – que está se tornando um termo de interesse acadêmico e empresarial em todo o mundo, mas que, infelizmente a Educação em nosso Estado ainda não incorporou.
Pego como exemplo a preparação dos nossos estudantes para as novas profissões. A pesquisa Empregos em Alta para 2022, divulgada pelo LinkedIn, aponta quais os cargos no Brasil nos últimos cinco anos e, mais ainda, com o impacto da pandemia, estão em ascensão. Detalhe: dos 25 empregos, um apenas é da área da saúde (enfermeiro intensivista) – e isso deve mudar radicalmente nos próximos anos, com a necessidade que teremos de “conviver” não só com a Covid-19 e as mutações do coronavírus, mas também com as suas sequelas e novas doenças.
A esmagadora maioria das profissões da lista do LinkedIn é da área da tecnologia – e não é coincidência que em Florianópolis, a Ilha do Silício, as empresas desta área estejam buscando profissionais até fora do país para trabalhar remotamente. Há vagas sobrando, mas pouco candidatos especialmente nas profissões que exigem formação superior e maior capacitação. Nossas escolas, públicas e particulares, precisam imediatamente priorizar cursos voltados a essas profissões. Para dar uma ideia, no topo do ranking estão: recrutador especializado em tecnologia, engenheiro de confiabilidade de sites, engenheiro de dados e especialista em cibersegurança.
Porém, como formar gente para essas novas profissões se não tivermos também ‘novos’ professores e profissionais da Educação preparados para isso? Hoje, infelizmente, quando se fala em valorizar essas categorias a visão de concentra apenas em “aumentar salários”. Ora, pagar bem àqueles que são responsáveis pelo futuro de nossos filhos e netos é obrigação do gestor público.
A verdadeira valorização de professores e profissionais de Educação é dar a eles oportunidades de ascensão na carreira, cursos de extensão, instituição de meritocracia como forma de agregar valores e benefícios pela qualidade e dedicação ao trabalho, entre outras medidas, que precisam e devem ser discutidas com a própria categoria.
Por sinal, ouvir professores e profissionais da Educação é uma questão de Respeito, que aqui escrevo com R maiúsculo. Se quisermos valorizá-los de verdade, devemos não só ouvi-los, mas também respeitá-los na sala de aula, no cotidiano da escola, principalmente os alunos e os pais.
Este é um valor que se perdeu nas últimas décadas no Brasil: o respeito ao professor. E, para isso ser reconquistado, é preciso ir “de volta para o futuro”, ou seja, buscar nos exemplos do passado, tempo em que o professor era respeitado, obedecido e tinha sempre um lugar especial no coração do estudante.