Escrevo esta coluna com meu pensamento voltado para Santa Catarina, para o futuro do Estado em que nasci e ao qual devo minha carreira na gestão pública, que me levou a ser ministro do Turismo, presidente da Embratur, diretor do Sebrae Nacional e agora secretário de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo. Inicio meu raciocínio afirmando que de há muito é consenso a solução para a maioria dos problemas sociais brasileiros: investir em Educação.
No Estado de São Paulo, justamente pela Educação, o setor de Turismo e Viagens vive uma consistente e silenciosa revolução. Reconhecido como estratégico para a geração de empregos – um em cada dez postos de trabalho no mundo –, essa dimensão que é o Turismo colherá resultados sociais e econômicos a partir dessa salutar associação.


O exemplo mais recente é Programa Inova Educação, com oferece disciplinas eletivas nos últimos anos do ensino fundamental e no médio das escolas públicas. Serão três grupos: Expresso Turístico para alunos do 6° e 7° ano, Turismo de Natureza e Aventura para 8° e 9° ano, e Redes Turísticas para o ensino médio. Turismo e Viagens, fundamental em diversos países e em estados como SC, em São Paulo será aprendido na escola.
A oferta de eletivas é oportuna por ocorrer quando a gestão João Doria amplia as escolas de tempo integral: eram 364 em 2018, serão 1858 em 2022, quatro vezes mais. Parte do tempo extra será dedicado ao desenvolvimento dessa indústria de mão de obra intensiva.


Com a Secretaria da Educação empreendemos também uma mudança ensaiada há décadas: a possibilidade de divisão das férias escolares em quatro períodos, o que diminui a sazonalidade do Turismo e distribui o consumo. Os alunos da rede pública estadual terão uma semana de férias em abril, 15 dias em julho, outra semana em outubro, preservando o recesso de verão.


A essas iniciativas de força estruturante e com impacto de médio e longo prazo, juntamos outras imediatas. Durante a pandemia reunimos as universidades e o empresariado do setor para falar sobre a formação profissional, calcados numa questão basilar: o profissional que as faculdades estão formando é o esperado pelo setor privado? Este trabalho continua.


Com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-SP) lançamos em agosto o programa SP Ecoaventura, que visa capacitar e certificar, pelas normas da ABNT, a qualidade das empresas que atuam nas atividades ao ar livre. A meta é sensibilizar e auxiliar mais de 500 empreendedores em mais de 200 municípios paulistas. O primeiro encontro reuniu empresários da Grande São Paulo, com destaque para o ABC.
Por fim, fechando o ciclo formação-profissionalização-qualificação, atuamos no aprimoramento das gestões municipais: identificamos o perfil das equipes dedicadas ao setor, oferecemos cursos, como pesquisa de dados econômicos e sociais e gestão de crise, além de materiais referencias reunidos sob o mote Melhores Práticas, visando a troca de experiências.


Um Estado turístico como Santa Catarina também precisa investir na Educação para o Turismo. Não apenas nos cursos de formação técnica ou mesmo universitários, mas desde os primeiros anos em sala de aula. Em São Paulo, o inglês foi incluído como matéria no currículo desde o 1º ano do ensino básico – hoje, sem falar a “língua universal” em que se transformou o inglês, é praticamente impossível trabalhar em Turismo e Viagens.


Na semana passada, ao receber o Prêmio Legado ADIT (Associação para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico) no principal seminário de multipropriedade e timeshare (tempo compartilhado numa propriedade de férias) da América do Sul, voltei a repetir o que tenho dito aqui nesta coluna de forma recorrente: o Turismo tem uma importância estratégica para o Brasil e para SC perante o mundo, semelhante àquele da agroindústria, e pela mesma razão. Tamanho é tamanho. Nós éramos importadores de comida, hoje somos exportadores de comida, os maiores do mundo: aplicamos conhecimento, nos coligamos nas redes internacionais de produção e tivemos uma certa liberdade para empreender.


Com essas mesmas três coisas nós faremos o Turismo brasileiro também algo de dimensão planetária e teremos a condição perante o mundo de fazer valer a vantagem comparativa coirmã do agrobusiness. O Brasil tem duas vantagens perante o mundo: são essas duas. Então, nesses dois campos nós podemos ser o ‘número um’ planetário e quem diz isso é o Fórum Econômico Mundial, o WTTC, o Conselho Mundial de Viagens e Turismo, a OMT, a Organização Mundial do Turismo.


Mas, para atingir esse patamar, precisamos estar preparados, preparar nossas crianças, adolescentes e jovens. Em Santa Catarina, já passou a hora de o Turismo estar no centro da pauta da gestão pública e privada – e de ser aprendido na escola.