Escrevo esta coluna logo após o excepcional comunicado que o governador João Doria fez ao Brasil de que vai antecipar a primeira dose da vacina para toda a população adulta de São Paulo para o dia 20 de agosto – anteriormente, o calendário de vacinação paulista previa isso para 15 de setembro. Doria anunciou também que a vacinação dos 3,2 milhões de adolescentes de 12 a 17 anos começa em 23 de agosto e conclui a primeira dose em 30 de setembro. Essas medidas só foram possíveis porque São Paulo comprou 30 milhões de novas doses da Coronavac, sendo que 2,7 milhões já chegaram e 1,3 milhão chegam até 30 de julho.  

Com certeza, assim como já aconteceu anteriormente, desde que levamos ao Instituto Butantan prefeitos da Federação dos Municípios de SC, a Fecam, no dia 10 de dezembro do ano passado, para assinar um protocolo de intenções de obtenção da Coronavac e isso pressionou o Governo Federal a incluir essa vacina no Plano Nacional de Imunização (PNI), agora também essas novas medidas anunciadas por João Doria devem incentivar o Ministério da Saúde, estados e municípios a acelerarem o ritmo da vacinação e salvar milhares de vidas.

E a vacina é o eixo central desta coluna de hoje: como já disse aqui, quanto mais vacinas, mais viagens, mais turismo. Por isso, muito importante relatar a vocês a respeito do painel Vacinação e as Perspectivas para o Turismo, realizado na semana passada pela Fecomercio/SP, e do qual fui convidado especial. Como tudo o que se pensa e faz em São Paulo desde o início da pandemia, em março de 2020, este painel também teve, em primeiro lugar, uma imersão pela ciência, para desenhar o cenário real do atual momento e fazer projeções técnicas e científicas a respeito da preservação de vidas e da retomada da economia e do turismo.

Por isso, antes da minha fala, foram entrevistados o secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn, e o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, que trouxeram mensagens bastante otimistas para o Turismo, mas deixaram claro que a vacina não é um escudo contra o vírus, mas uma proteção relativa contra a doença. Todas as medidas de proteção e segurança adotadas até agora devem permanecer por mais tempo. As vacinas foram testadas para avaliar o impacto principalmente nas doenças graves. Portanto, não haverá a imunidade absoluta, esterilizante, pois nenhuma das vacinas é capaz de impedir a infecção e a transmissão do vírus. Enquanto tivermos o vírus circulante no nosso meio de forma expressiva, as medidas não farmacológicas como uso de máscaras e álcool em gel, por exemplo, terão de ser mantidas, alertaram Gorinchteyn e Covas.

Diante do quadro traçado pelos cientistas, me apoiei nos estudos, pesquisas e números do Centro de Inteligência da Economia do Turismo (CIET) da Secretaria que comando no Estado de São Paulo para dar boas notícias não só para o Turismo paulista, mas também para o catarinense e de outros estados turísticos brasileiros. De acordo com o estudo “Cenários de Faturamento e Emprego” do CIET, os resultados positivos iniciais e, principalmente, o projetado até o final do ano, têm relação direta com o avanço da vacinação. A expectativa é que a empresas paulistas de Turismo encerrem 2021 com o faturamento de R$ 74,9 bilhões, 16,7% abaixo do resultado de 2019, pré-pandemia — a orientação da Organização Mundial do Turismo (OMT) é que todos os estudos tenham como parâmetro o ano de 2019. Estes números podem se espelhar em Santa Catarina, desde que a vacinação avance como em São Paulo ou mesmo em Florianópolis, onde o esforço do prefeito Gean Loureiro tem significado a superação de etapas antes do previsto.

Agora, a melhor notícia: no último trimestre de 2021, quando a população paulista já tiver tomado pelo menos uma dose, o consumo de viagens e turismo será superior a 2019. Infelizmente, ainda não o suficiente para a recuperação total do ano. Na recuperação de empregos o retorno é mais lento, porém também deverá reagir. Em 2019 o saldo entre demissões e contratações foi positivo em 50 mil vagas; em 2020 ficou negativo em 128 mil e, para este ano, a expectativa é de que o saldo favorável chegue a 87 mil, mesmo com os resultados negativos do primeiro semestre.

Tenho plena convicção de que a retomada agora é para valer. Não foi assim antes, porque os sucessivos erros e atrasos no Plano Nacional de Imunização e também o negacionismo de péssimo exemplo promovido por um presidente sem máscara e sem respeito à vida da população brasileira, fizeram com que uma nova e fortíssima onda nos atacasse no primeiro semestre. Quanto mais vacinas, mais nós movemos a curva para a retomada, há uma correlação direta entre as duas coisas. Na nossa retomada, puxada por um boom turístico no final do ano, podem se preparar para um retorno, quase que uma “belle époque” do Turismo, como nos filmes, em que todo mundo aparece dançando, se abraçando, sorridentes e felizes depois do fim de uma guerra.

Nós não só devemos, como podemos, como também temos a obrigação de cumprir esse papel no nosso país – o papel de exigir regras sanitárias e também de buscar, comprar e aplicar as vacinas – porque o Brasil tem o maior potencial de Turismo do planeta, um gigantesco mercado consumidor. Tendo o potencial que nós temos, não deveremos ter problema de empregos, se nós apostarmos firmemente na carta do Turismo. Assim fizeram a França, a Itália, a Espanha, fez os Estados Unidos, estão fazendo o Japão e a Austrália, enfim, o mundo inteiro. Para fazer esta aposta, precisamos de governos que, assim como o de São Paulo, compreendam em toda a sua amplitude o papel de Turismo e Viagens como a grande alavanca da economia e da geração de emprego e renda em nosso país e em Santa Catarina.