Conforme o SCemPauta já havia denunciado, fontes relataram que os cargos comissionados foram chamados e até mesmo constrangidos a participar do ato organizado pelo governador, Carlos Moisés da Silva (PSL), na semana passada, contra o processo de impeachment o qual ele enfrenta ao lado da vice-governadora, Daniela Reinehr (sem partido). Eles são acusados de crime de responsabilidade no caso do aumento concedido aos procuradores do Estado.

O que chama a atenção, é que em pleno horário de trabalho, servidores trocaram mensagens via WhatsApp falando do movimento. Eu tive acesso a algumas conversas do grupo de servidores intitulado #defesacivilsomostodosnos. Nele, às 14h32 em pleno horário de expediente, a servidora Alessandra Nolasco escreve: “Prezados, este grupo foi criado para que possam ser repassadas as ações realizadas pelo governo e ações contra o golpe arquitetado contra o Governador Carlos Moisés”. A mensagem é seguida de um sinal de positivo de servidores identificados como Gladis, Fred e Flávio.

Em outra mensagem, o servidor identificado como Coronel Neto escreve às 01h36. “OLa…bom dia a todos. Segue convite para a carreata. Se possível vamos convidar parentes, vizinhos, comissionados em teletrabalho…quem for possível e tranquilo de participar…” Ele ainda encaminha um convite para o evento intitulado “Carreata contra o golpe e pela democracia”. Depois escreve: “segue tbem material para compartilhar nos grupos…” Coronel Neto apaga uma mensagem, mas na sequência posta: “este é o momento de mostrarmos a união contra o golpe…movimento esse orquestrado de forma sorrateira enquanto protegíamos nosso Estado contra a Pandemia…” Depois ele coloca dois banners.

Coronel Neto volta a escrever no dia do evento às 07h28: “Bom dia a todos. Dia importante. Necessário alertar, não parar estradas e saídas veículos de emergência, seguir as regras sanitárias. Unidos somos mais fortes. Bom dia…Orientação importante para a carreata de hoje”, escreveu. Às 13h48 após postar uma foto dos veículos de participantes da carreata, o coronel escreveu: “Início do movimento…”. Às 16h35 um servidor chamado Renan posta no grupo: “Você pode me ajudar assinando essa petição?” Seguido de link. Servidores Lima e Fred colocam um sinal de OK. Lima ainda compartilha uma mensagem citando o governador e a carta a qual os secretários a pedido do governador assinaram.

Neste domingo o movimento se repetiu. Mais uma vez cargos comissionados participaram do ato. Um servidor na condição de anonimato relatou que as conversas em sua maioria foram no chamado boca a boca, para evitar rastros que pudessem vazar, mas independentemente da forma que foi, o recado foi claro: “Ou defendemos o governador, ou iremos todos perder com o impeachment dele”, afirmou, relatando que o temor é grande entre os comissionados de serem exonerados quando Moisés e Daniela forem afastados.

Além disso, também foram vistos policiais fardados na mobilização, o que é proibido por lei. Mesmo sendo um ato em causa própria, o governador não abriu mão do carro oficial e nem dos seguranças. Enquanto os veículos saiam do trapiche, Moisés batia palma em direção a cada carro que passava por ele. Pelo visto, o governador segue usando o Estado em benefício próprio, enquanto ocupantes de alguns cargos de chefia pressionam comissionados a defenderem um governo que preocupa Santa Catarina. “Essas pessoas não têm culpa, estão sendo pressionadas, tem medo de sofrer retaliação. O problema é que já tem gente buscando identificar os servidores pelas placas dos veículos que participaram e aparecem nas filmagens”, disse uma fonte.

A participação de Moisés demonstra um total desrespeito com o dinheiro público ao levar servidores para o ato, já que a população não se interessou em participar, além de faltar com respeito para com a Assembleia Legislativa e o Judiciário, ao chamar o processo de impedimento de golpe.