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Tive acesso ao primeiro dos dois depoimentos do ex-secretário de Estado da Casa Civil, Douglas Borba, à Procuradoria Geral de Justiça. A oitiva aconteceu no dia 2 de maio, sete dias antes da Operação Oxigênio, que apura irregularidades na compra de respiradores junto a empresa Veigamed.
Durante a sua fala, Borba contradisse o governador Carlos Moisés da Silva (PSL), ao afirmar categoricamente que no dia 31 de março passado, foi encaminhado pelo chefe do Executivo estadual para a Assembleia Legislativa, um projeto de lei pedindo autorização para fazer compra antecipada. Na verdade, o ex-secretário se enganou ao usar a palavra “compra”, quando a palavra deveria ser “pagamento”, que foi o objeto do projeto protocolado.
Quando Borba explicava que no dia 1º de abril houve uma avaliação dentro do governo a respeito do projeto, o vídeo do depoimento apresenta um problema e encerra.
Acontece que no dia 28 de abril, mesma data da matéria com a denúncia do The Intercept Brasil, o SCemPauta divulgou com exclusividade a manobra feita pelo Governo do Estado para pagar antecipadamente à empresa Veigamed, o valor de R$ 33 milhões pela compra dos respiradores.
No relato que fiz, Moisés encaminhou para a Alesc o projeto no dia 31 de março, o retirou no dia 1º de abril e os dois depósitos para a Veigamed foram realizados no dia 2 de abril, conforme consta no link (clique para ler Pagamentos – Governo à Veigamed ).
O que chama a atenção é que em uma das coletivas de imprensa sobre o combate ao Coronavírus, Moisés que estava ao lado do então secretário de Estado da Saúde, Helton Zeferino, afirmou que o projeto não havia sido protocolado, porém, no dia 4 de maio o SCemPauta provou que o PL foi protocolado às 16h22 do dia 31 de março deste ano, com a assinatura eletrônica do governador (clique para ler Projeto para Pagamento antecipado ).
Vale dizer que até o momento não apareceu nada nas investigações, pelo menos que seja de conhecimento público, que envolva Moisés nas denúncias de compra dos ventiladores pulmonares, mais conhecidos como respiradores, porém, é estranho que ele tenha negado o protocolo de um projeto em que consta a sua assinatura.
Quem estará falando a verdade: Borba ou Moisés? Qual a explicação para a assinatura do governador constar em um projeto o qual ele disse não ter sido protocolado? Moisés não controla o que assina e o que envia ao parlamento? São perguntas que merecem uma resposta pública do Governo do Estado.
Oitivas
Me chamou a atenção alguns detalhes da oitiva feita da ex-servidora Márcia Geremias Pauli, no âmbito da Operação Oxigênio. Nos três depoimentos, se focou demais na questão administrativa e muito pouco em nomes. Quando Márcia relatou ter sido pressionada por servidores e até um deputado sobre a questão do passaporte ao empresário da Exxomed, Onofre Neto, ninguém perguntou o nome dessas pessoas. Vários questionamentos ficaram de fora e que seria peças chave para a elucidação de mais questões envolvendo esse caso absurdo.
Controlador critica deputados
O controlador geral do Estado, Luiz Felipe Ferreira, enviou nota com críticas aos deputados estaduais que compõe a CPI dos Respiradores na Assembleia Legislativa. Segue:
“Lamento profundamente a postura de alguns deputados estaduais nos depoimentos que vêm ocorrendo na CPI que investiga a aquisição de 200 respiradores para o enfrentamento da COVID-19. Ao invés de buscar estabelecer a verdade e apurar o objeto da Comissão, o que tem se visto em tais parlamentares é tão somente a intimidação de testemunhas e o discurso político oportunista durante os depoimentos, ferindo inclusive os mais basilares direitos inerentes ao devido processo legal.
Especificamente minha afirmação como controlador-geral do Estado, alvo de discursos políticos inclusive durante o depoimento, foi claramente retirada de contexto, sendo que vinha sendo interrompido constantemente pelo deputado Ivan Naatz e acabei repetindo uma palavra usada por este. Corrigi por diversas vezes o termo utilizado, mas fui ignorado por alguns parlamentares.
Não é admissível que se faça discurso pregando desgoverno, quando se sabe que as regras questionadas, que permitem a aquisição na Secretaria da Saúde sem passar pelo Grupo Gestor de Governo, foram criadas em 2015 pela Resolução GGG n.º 001, alterada pela 004/2017. Não é admissível que se fale em desgoverno quando os números mostram o contrário, inclusive recente relatório do TCE/SC sobre as Contas do Governo de 2019 evidencia o menor crescimento anual de custeio total.
É inquestionável que ações de austeridade vêm sendo intensificadas a partir de 2019, quando saímos de um DÉFICIT de R$ 1,19 BILHÃO para um SUPERÁVIT de R$ 161,76 milhões. Todo esse avanço não pode ser desconsiderado por conta de um fato ocorrido durante a pandemia e que vem recebendo as devidas apurações.
Em relação à Controladoria-Geral do Estado, reforço que a sua criação foi um dos pilares da campanha eleitoral que elegeu o atual governador do Estado. Fosse um Governo mal-intencionado ou desapegado com a boa gestão da “coisa pública”, não teria criado mais um importante órgão de controle, que é a prova cabal da intransigência com a má administração do dinheiro público” – Luiz Felipe Ferreira – Controlador Geral do Estado
Espionagem?
Vazou uma conversa do grupo de WhatsApp dos deputados estaduais, que aponta para a suposta formação de uma agência de espionagem no Governo do Estado, a qual, supostamente seria a mando do governador Carlos Moisés da Silva (PSL). Durante o diálogo, um parlamentar afirma ter recebido a informação de uma fonte militar, que relatou a recusa de dois oficiais que teriam sido convidados. O suposto serviço de inteligência teria na mira os deputados Maurício Eskudlark (PL), Ivan Naatz (PL), Kennedy Nunes (PSD), Ana Carolina Campagnolo (PSL), Jessé Lopes (PSL), Sargento Lima (PSL), Laércio Schuster (PSB) e até mesmo o presidente da Alesc, Júlio Garcia (PSD).