O presidente da Sindicância instaurada pela Controladoria Geral do Estado para apurar as responsabilidades de servidores no caso Veigamed, Clóvis Renato Squio, se ofereceu para prestar depoimento na CPI dos Respiradores.

Em conversa com parlamentares integrantes da CPI, ele prometeu um depoimento bombástico. “O cara prometeu arrebentar o sistema”, me disse um dos deputados, que confirmou o comparecimento do servidor na próxima quinta-feira.

Antes de falar na Assembleia Legislativa, o advogado de Squio deve entrar com um pedido de habeas corpus preventivo, para evitar que por causa das revelações que devem ser feitas à CPI, ele não seja enquadrado de acordo com a Lei do Abuso de Autoridade.

Covid em Florianópolis

O estudo intitulado “SARS-CoV-2 in Human Sewage in Santa Catarina, Brazil, November 2019”, sobre a presença da Covid 19 no esgoto humano, aponta para a possibilidade de que o vírus já circulava no estado desde 2019.

Apresentado em parceria por laboratórios da Universidade Federal de Santa Catarina, em parceria com a BiomeHub, que é uma empresa da área de biotecnologia localizada em Florianópolis, além da Seção de Microbiologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Burgos na Espanha, o artigo cientifico foi estudado por um grupo de profissionais da Saúde formado para discutir os protocolos usados pelos hospitais para o atendimento de pacientes infectados pela Covid 19.

Esse estudo que é realizado semanalmente através de videoconferência, reúne profissionais da Alemanha, Inglaterra, Estados Unidos e Brasil, com o acompanhamento do médico Cameron Kyle-Sidell, do New York City Health & Hospital.

De acordo com Adriano Ribeiro, diretor executivo da Associação dos Hospitais de Santa Catarina, que foi convidado para integrar o grupo de estudo, o trabalho da UFSC com a Universidade de Burgos analisou o esgoto humano localizado em Florianópolis do final de outubro, até o fechamento do Brasil no início de março quando foi decretada a pandemia.

Os cientistas detectaram o SARS-CoV-2 em duas amostras coletadas independentemente em 27 de novembro de 2019 (5,49 ± 0,02 log de cópias do genoma / L). As amostragens subsequentes foram positivas até 4 de março deste ano, coincidindo com o primeiro caso COVID-19 relatado em Santa Catarina, com um aumento do RNA de SARS-CoV-2 (6,68 ± 0,02 cópias do genoma log / L). “Nossos resultados mostram que o SARS-CoV-2 circula no Brasil desde o final de novembro de 2019, muito antes do primeiro caso relatado nas Américas, que foi em 21 de janeiro de 2020 nos Estados Unidos”, diz um trecho do artigo.

Em suma, o estudo detectou o primeiro sinal da Covid 19, em 27 de novembro do ano passado, 66 dias antes do primeiro caso confirmado nas Américas, 91 dias antes do primeiro caso no Brasil e 97 dias antes do primeiro caso confirmado em Santa Catarina.

O estudo pode ser encontrado no site Medrxiv, que pertence a Chan Zuckerberg Initiative, que é uma empresa criada em sociedade pelo fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, com a sua esposa, Priscilla Chan. O portal alerta que distribui manuscritos completos, mas não publicados, nas áreas da medicina, pesquisa clínica e ciências da saúde, que ainda precisam passar pela revisão de outros especialistas da área que não participaram do estudo, antes da publicação. Por isso, quem acessa é orientado a ainda, não usar de base para aplicação clínica e nem utilizar para reportagem como informação estabelecida.

Método

Foram coletadas amostras do esgoto urbano de Florianópolis, em seis momentos distintos entre 30 de outubro de 2019 e 04 de março deste ano. Foi utilizada uma bomba submersa dentro de um poço usado para inspeção e limpeza da rede. O estudo aponta que em todas as coletas de amostragem, foram coletados 200 ml de esgoto urbano que eram imediatamente transferidos ao Laboratório de Virologia Aplicada e Engenharia Ambiental da Universidade Federal de Santa Catarina. As amostras ficavam armazenadas a 80º graus negativos até o uso, sendo que a concentração das partículas virais foi realizada utilizando 25 ml de cada. Entre outros vírus, o SARS-CoV-2 foi detectado pelo kit trazido da Alemanha, OneStep qPCR Quantinova, usando oligonucleotídeos e sonda. Em outro trecho o artigo aponta que as cargas de RNA do SARS-CoV-2, são semelhantes às encontradas em estudos realizados na França, Espanha e EUA.

Autores do Estudo

Gislaine Fongaro, Patrícia Hermes Stoco, Dóris Sobral Marques Souza, Edmundo Carlos Grisard, Maria Elisa Magri, Paula Rogovski, Marcos André Schörner, Fernando Hartmann Barazzetti, Ana Paula Christoff, Luiz Felipe Valter de Oliveira, Maria Luiza Bazzo, Glauber Wagner, Marta Hernández e David Rodriguez Lázaro.