Verdades em Conflito: Reflexões sobre a Evolução da Crença e da Política
Antigamente, na Idade Média, e em geral nos grandes impérios da Europa, existia somente um sistema de Verdade (em maiúscula): o cristianismo. Séculos mais tarde, a partir do XVI, e junto à chegada da Época Moderna, aquela Verdade em maiúscula, que era basicamente o monopólio da instituição católica, foi convertendo-se gradualmente em uma verdade em minúscula.
Este fato ocorreu por vários motivos. No século XVI, ocorreram diversos casos de corrupção (ocasionados pelo ser-humano) dentro da instituição eclesiástica, e a população cada vez mais mantinha uma atitude cética (dúvida) com respeito a algumas práticas que foram adotadas pelos sacerdotes. Outra razão devia-se à aparição da liberdade política no século XVIII, a partir do qual, os indivíduos já se encontravam livres para decidir no que crer, e no que não crer. Junto a isto, intervieram às Ciências, que demonstravam através do cálculo, da racionalidade prática, e dos seus próprios critérios científicos de que a verdade não era propriedade única da instituição religiosa (dogma).
Hoje em dia, já não há uma “Verdade” em maiúscula como antigamente. Contrariamente, encontramos várias “verdades” em minúsculas, sem que nenhuma predomine sobre a outra. Uns podem acreditar em Deus, enquanto que outros simplesmente acreditam nas ciências, ou no Yoga. O século XXI se caracteriza pelo fato do ser-humano ter o poder (e ter o direito) de inventar (e reinventar) a sua própria “verdade”, sem a necessidade de recair em outras pré-estabelecidas.
No âmbito político, há um confrontamento de “verdades” em minúsculas, chamado “polarização política”. Para um grupo específico, a verdade consiste em 3 aspectos básicos: “Deus, Pátria e Família”, e a proteção dos valores tradicionais. Para o outro grupo, a verdade consiste em aspectos ligados à valores como a justiça social, a igualdade, a inclusão, e aos direitos humanos. Cada grupo impõe a sua ordem de prioridade no seu sistema de “verdade”. Mas pensando racionalmente, e como a justiça divina somente acontece por casualidade, opto sem dúvidas pelo grupo que prega pela justiça social, mais além de que a eficiência política deste grupo não cumpra com os seus objetivos.
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