O Debi e o Loide – Coluna do Paulo Gouvêa
Lula e Maduro estão formando uma dupla do barulho. O venezuelano até que consegue se conter na sua difícil situação de ditador e caloteiro. Mas, o nosso presidente, que coisa séria, não se aguenta e fala mal dos “defensores da democracia que criticam o governo da Venezuela”. Defende a tese de que não interessa o tipo de totalitarismo que foi implantado no país vizinho desde que a “narrativa” de Maduro sobre o sistema político daquele país seja convincente. O que deve se pensar então de quem esculachou o Presidente anterior por sua suposta intenção de dar um golpe e acabar com a democracia e fica agora se babando de emoção diante de um dos mais ferozes ditadores do mundo?
Dado o aflito açodamento de Lula nessa questão, e às suas ações do passado, fico com a impressão de que ele está assim apressado e agoniado porque quer, o mais rápido possível, retomar os volumosos e generosos empréstimos para o companheirão Nicolás Maduro. Visto que já fizeram bons negócios no passado, por que não repetir a dose? E como esse parceiro aí não pagou o que nos devia, nosso Ministério da Fazenda já montou um “grupo de trabalho” que vai “consolidar” a dívida venezuelana e fazer um “reescalonamento” dos futuros pagamentos. Ganha uma viagem de um mês inteiro a Caracas quem acertar quantas das prestações reescalonadas serão efetivamente pagas pelos vizinhos.
A esperança de que este vexame não ocorra novamente depende de um projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados: aquele que proíbe o Governo Brasileiro de fazer novos empréstimos, sem autorização do Congresso, a países que não pagaram os financiamentos anteriores. Uma obra-prima do mais elementar bom-senso criada por um deputado de São Paulo, o Delegado Paulo Bilynskyj. Só quem não vai gostar é Maduro, Lula, e seus outros parças: o presidente da Argentina e os ditadores de Cuba e de diversos países africanos.
O desaparecimento do carro popular
Mudando agora de saco para mala: está de volta a polêmica sobre o alto custo dos automóveis no Brasil. O problema embutido aí é a imensidão de impostos que os carros levam de carona: ICMS, IPI, PIS, Cofins, mais IPVA, seguro obrigatório, licenciamento. Essa penca representa no mínimo trinta por cento do custo dos modelos de menor preço. E existe um projeto, criado quatro anos atrás, que estabeleceu novas exigências em relação à segurança dos carros. Muito certo. Mas, os novos equipamentos elevaram o preço. A escassez de alguns dispositivos fabricados em poucos lugares do mundo e a alta do dólar também puxam para cima. Com tudo isso, os carros que deveriam ser acessíveis ao povão – desapareceram. Não existe mais nada parecido com os antigos carros básicos. Os mais em conta hoje são o Kiwid e o Mobi, ambos beirando os 70 mil reais. O Governo Federal resolveu então reduzir temporariamente alguns dos tributos. A previsão é que os preços caiam até quase 11%. É um alívio. Mas, os mais baratos ainda vão custar uns 60 mil reais – preço nem um pouco popular. E se pagar a prazo tem o peso dos juros. Por isso, tem muito mais gente comprando carro usado do que novo. Os carros populares brasileiros são hoje o seminovo e o meia-boca. Ou é a moto.
Na realidade, para melhorar o deslocamento nas cidades, com mais conforto e menos poluição, o ideal é melhorar bastante o transporte coletivo.
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