Na última semana, o presidente Lula esteve na Argentina, para participar da 7ª Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC). Em seu discurso, o Chefe de Estado brasileiro destacou a importância de os países unirem-se em defesa da democracia, das instituições e dos direitos humanos. A sua mensagem foi enfática pela necessidade de serem empreendidos esforços para a proteção daquelas conquistas civilizatórias.

Entretanto, Lula revelou mais uma vez forte incoerência entre discurso e prática. De um lado, discursa pela defesa intransigente daqueles bens imateriais necessários para a construção de uma sociedade livre, justa e solidária. De outro lado, porém, sua prática (ações e gestos) é pela defesa de ditaduras sanguinárias, como a Venezuela, Cuba e Nicarágua. Assim, o petista, na sua primeira viagem internacional, deixou estampado que o Brasil voltará a ser escudo diplomático de regimes totalitários de esquerda existentes na América Latina.

De sua parte, não houve uma palavra pelas eleições livres na Venezuela, abertura política em Cuba e o fim da selvagem repressão na Nicarágua. A sua prática internacional é legitimar aqueles governos que atentam violentamente contra a democracia e os direitos humanos. Ele confere total salvo-conduto àqueles ditadores que tanto lesam os seus povos com práticas nefastas e desumanas.  

Com o falso argumento de que o Brasil não pode se intrometer em assuntos internos de outros Estados, Lula acaba legitimando os seus amigos tiranos que assombram a humanidade. Nas relações internacionais, o Estado brasileiro rege-se pela defesa dos direitos humanos. Por isso, qualquer Estado que atentar contra essa conquista da civilização, o Brasil tem o dever constitucional de repudiar essas práticas vexatórias para a humanidade. E isso não implica violação à soberania nacional de outros Estados.

Se os EUA e a Europa, por exemplo, tivessem agido como Lula tem feito em relação aos seus amigos (ditadores sanguinários), o apartheid sul-africano provavelmente teria subsistido até os dias atuais. Aqueles Estados repudiaram e empreenderam todos os esforços políticos e diplomáticos para que aquela tragédia humanitária fosse banida da África do Sul.

Portanto, Lula é a prova da incoerência. Internamente, ele revela-se defensor da democracia, das instituições e dos direitos humanos. Porém, no plano externo, é aliado e amigo de ditadores sanguinários que sacrificam aquelas conquistas da humanidade. Por isso, a sua incoerência transforma o seu discurso em mero palavreado. E isso é vergonhoso e vexatório. Assim, conforme sustentava Paulo Freire, devemos “ser coerente entre o que se diz e o que se faz”. A incoerência é um mal que deve ser combatido.