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Bem que o slogan usado pelo governador, Carlos Moisés da Silva (Republicanos), no primeiro turno da eleição, “Aqui já tem Governador”, poderia ser adotado pelo senador Jorginho Mello (PL) neste segundo turno.

Não se trata aqui de qualquer desrespeito com o candidato Décio Lima (PT), que também chegou ao segundo turno. Essa análise é baseada no cenário que temos agora, após o resultado de domingo (02). E não pensem que a análise se baseia simplesmente no fato de Jorginho ter sido o vencedor do primeiro turno, pois, a questão não é a vitória em si, mas como ela aconteceu, evidenciando um favoritismo quase que irreversível.

A explicação é que Décio, advogado de formação e ex-deputado federal, esbarra no fato de Santa Catarina ter uma postura mais conservadora. Isso quer dizer que o eleitor dos candidatos derrotados deve em sua maioria, migrar para Jorginho Mello. Além disso, mesmo se alcançar o percentual de votos obtidos pelo ex-presidente Lula aqui no estado, que foi de 29,54%, Décio não atingirá os números de Jorginho. É por isso que somente um fato muito contundente poderá tirar a eleição do candidato do PL.

Construiu

Quando iniciou o processo eleitoral, o isolamento do senador Jorginho Mello (PL) provocou a seguinte análise: ele terá muita dificuldade para fazer uma boa eleição, tanto por não ter conseguido coligar, quanto pelo fato de o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), ter prometido ao prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), coordenador da campanha de Gean Loureiro (UB), e para o senador, Esperidião Amin (Progressistas), que se manteria neutro na eleição. O fato é que ficou somente na promessa, pois, Jorginho conseguiu um primeiro vídeo de apoio já para o lançamento de sua candidatura e, depois, conseguiu ser citado em mais um vídeo, encerrando com chave de outro com a vinda de Bolsonaro a Santa Catarina no sábado (01) passado, dia que antecedeu a votação.

Portanto, Jorginho pegou carona em uma onda que não foi vista pela maioria, mas que ele soube enxergar. Além do mais, mesmo que já tenha sido aliado de governos do PT, o fato é que o senador se tornou o principal bolsonarista de Santa Catarina, não existe outro mais. Jorginho passa a ser o principal aliado de Bolsonaro, tirando o posto de João Rodrigues e Esperidião Amin, que ficaram inertes vendo o candidato do PL construir uma relação tão sólida, que o ajudou a chegar no segundo turno praticamente eleito.

Articulando

O senador Jorginho Mello (PL) já se articula pensando na eleição do segundo turno. Hoje ele se encontra de manhã com os deputados federais eleitos de seu partido e, na hora do almoço, será a vez da bancada estadual, quando reunirá os reeleitos e os eleitos pela primeira vez. Jorginho quer o empenho de todos. Ele também já começou algumas conversas com outros partidos, tanto, que já conseguiu o apoio do prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), e de Criciúma, Clésio Salvaro (PSDB).

MDB se reúne

A executiva estadual do MDB foi convocada pelo presidente estadual do partido, deputado Celso Maldaner, para uma reunião amanhã na sede do diretório, a partir das 14h. A pauta será o apoio do MDB no segundo turno. Informações de bastidores é de que os emedebistas devem anunciar apoio a Jorginho Mello (PL).

O grande derrotado

Não foi por falta de aviso. A derrota do governador Carlos Moisés da Silva (Republicanos) estava as claras já há algum tempo, para quem faz as análises baseadas na realidade. Moisés foi um personagem criado pela sua campanha, nada mais do que isso. Passou os dois primeiros anos se recusando a dialogar com deputados a quem dizia pertencer a uma tal de velha política. Foram necessários dois processos de impeachment para que Moisés entendesse que é preciso compor. Para isso, pediu a ajuda do deputado estadual, Júlio Garcia (PSD), que ao lado de Eron Giordani que assumiu a Casa Civil, o ajudou. Além de salvá-lo da degola, construíram uma base sólida na qual se inclui o MDB, dando ao governo a maioria na Alesc. Além disso, Moisés teve a sorte ao seu lado. Foi em seu governo que a arrecadação do Estado subiu em patamares históricos, além dos repasses feitos pelo Governo Federal no decorrer da pandemia, o que permitiu a manutenção das contas em dia e, até mesmo, a liberação de dinheiro para os municípios com o objetivo de forçar os prefeitos a apoiá-lo. Portanto, nada foi feito por Moisés, um governador que sempre teve quem fizesse por ele. O problema é que ao final, somente restaram os que se aproveitaram dos resultados alcançados por outros, para tentar vender a imagem de um governo novo, mas que exala naftalina. Foram esses, alguns dos fatores que fizeram com que o eleitor mandasse Moisés e o seu grupo para casa.

Outros fatores

Insatisfeitos com o governador, Carlos Moisés da Silva (Republicanos), os policiais civis, mesmo sob forte pressão para votar pela reeleição, cruzaram os braços e não votaram em Moisés. “Que fique a lição”, me disse um delegado. Além dele, outros se manifestaram em um grupo de WhatsApp. As conversas as quais tive acesso, deixam de forma clara o sentimento dos policiais civis em relação ao ainda governador. “Adeus Zelensky paraguaio”, fotos com memes e até mesmo uma ironia de uma policial. “Se falar com ele, mande lembranças dos policiais civis, em sua maioria! ”. Outro fator apontado é o desconto dos 14% na folha dos servidores públicos em relação a previdência.

Respiradores e aviões

O governador Carlos Moisés da Silva (Republicanos) fechou os olhos para a realidade sobre os impactos do caso dos Respiradores. Uma vez em uma conversa informal, o questionei sobre o motivo de não ter dialogado mais com a sociedade sobre o caso. A resposta é que não era o momento. Após um tempo, até mesmo um site foi criado, mas sem a clareza que o caso requer. O fato é que Moisés não é uma pessoa desonesta, mas foi imprudente e incompetente num caso que tatuou na sua testa a pecha de “corrupto”. “Cadê os R$ 33 milhões? ” virou um mantra para uma população que o elegeu como o principal culpado. Para piorar, sem o mínimo respeito pela população, Moisés usou e abusou da aeronave alugada para servir o setor da Saúde e, eventualmente, integrantes do governo, sobretudo o próprio Moisés. Até mesmo para um passeio de Moisés com a sua família a Bonito, o avião foi utilizado. Tudo isso, é encarado pelo governador com a maior naturalidade, um verdadeiro escárnio para com a população.  

Arrogância

Outro problema do governador, Carlos Moisés da Silva (Republicanos), na eleição, foi a equipe montada para dirigir a sua campanha. O seu núcleo duro era formado por militares sem a mínima leitura de cenário, somados aos inexperientes, Fábio Fiedler, e o prefeito de Bombinhas, Paulo Müller, que, por sinal, tem uma visão torta da política. Fiedler e Paulinho não tem o tamanho necessário para um pleito estadual, tanto, que apequenaram uma campanha com decisões totalmente estapafúrdias. O que surpreende é a atitude do MDB que, até tentou brigar, mas acabou sendo engolido pelo time de Moisés, tanto, que muitas de suas lideranças simplesmente cruzaram os braços frente a tamanha incompetência.

A propósito

Os órgãos de controle e a Câmara de Vereadores de Bombinhas, precisam apurar o que tanto o prefeito, Paulo Müller, o Paulinho, fazia em Florianópolis em horário de expediente durante a eleição. Pelo que consta, ele não se licenciou do cargo, mas vivia na capital. É justo que o contribuinte pague o salário de um prefeito que se tornou ausente por causa de uma eleição?

Gean

A campanha do ex-prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro (UB), apresentou algumas falhas que foram cabais para o seu insucesso. Primeiro, o erro na estratégia. Quando Loureiro crescia nas pesquisas internas, a posição adotada foi a inércia enquanto a campanha de Carlos Moisés da Silva (Republicanos) partia para cima com fortes ataques. Quando houve uma reação já era tarde, Gean já havia desidratado o suficiente, o que tornou a situação irreversível. Além disso, a ala bolsonarista não conseguiu se impor, tanto, que o prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), apesar das pressões internas, não conseguiu se movimentar ao ponto de evitar um posicionamento do presidente Jair Bolsonaro (PL) a favor de Jorginho Mello (PL), que acabou vencendo em Chapecó. Gean ainda é jovem e tem no currículo mandatos de deputado e duas vezes prefeito da capital. Terá tempo para planejar um projeto de futuro.

Esperidião

Esperidião Amin (Progressistas) volta ao Senado, após não ter conseguido um bom desempenho na eleição. Mesmo assim, essa figura histórica da política catarinense não pode ser chamada de perdedor, afinal, já foi por duas vezes governador e ocupou quase todos os cargos para os quais pôde concorrer. Não conseguiu reeleger a deputada federal, Ângela Amin, e nem o deputado estadual, João Amin, mas deixa um legado e terá nesses próximos quatro anos, a missão de ajudar o seu partido que saiu menor do pleito, a se reconstruir para buscar novamente um espaço de destaque na política catarinense.

De assessor parlamentar para Advogado

No último dia 1º, véspera de eleição, o advogado Vinícius Ross inaugurou a primeira unidade do escritório Ross Advocacia. Um marco em sua carreira que, até então, era na vida pública. Em sua atuação como assessor parlamentar na Câmara de Vereadores de São José, Vinícius redigiu diversos projetos de leis, orientações e pareceres, subsidiando a atuação de vereadores no âmbito jurídico. Além disso, conjuntamente com a comissão de Direito Tributário da subseção de São José, foi um dos autores do Parecer que deu fim à cobrança das taxas de lixo de garagem no município de São José.

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