O áudio vazado do deputado federal Zé Trovão (PL), em que faz crítica ao ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL), é apenas mais um capítulo do momento turbulento que atinge o Partido Liberal de Santa Catarina. O parlamentar disse que Bolsonaro é “o maior mau exemplo para a política”.

Quem circula nos bastidores e conversa com lideranças liberais sabe de duas coisas: o áudio de Trovão não foi tirado de contexto, é isso mesmo que ele pensa e, detalhe, tem ficado cada vez mais evidente que o PL e o bolsonarismo podem seguir caminhos opostos no futuro.

A possível divisão é vista por parlamentares e outras lideranças do Partido Liberal como algo possível de acontecer. Uma fonte bolsonarista chegou a admitir que Bolsonaro só não se desfiliou do PL por conta do alto salário que ele e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro recebem do partido. “Após aquele elogio do Valdemar (Costa Neto) ao Lula, se fossem outros tempos, o Bolsonaro teria saído do partido. Ele saiu do antigo PSL por muito menos que isso”, afirmou. (segue após o anúncio)

O fato é que alguns parlamentares catarinenses do PL ainda não digeriram os elogios a Lula. A desconfiança é que Valdemar pode estar aos poucos levando parte dos liberais a uma aproximação com o Palácio do Planato. “Não quero dizer que abandonaria de vez o bolsonarismo, mas poderá ter uma relação muito próxima com o governo petista e isso seria muito ruim”, alertou um parlamentar. Para ter uma ideia, dos 99 deputados do PL na Câmara, 34 já votam alinhados com o Governo Federal.

Além disso, há um entendimento de que os últimos acontecimentos em relação à família Bolsonaro têm tirado capital político do ex-presidente. Uma outra liderança, muito ligada a Jair Bolsonaro, revelou que há um temor em relação às suspeitas de “rachadinha” contra Flávio Bolsonaro e Carlos Bolsonaro. Assunto que pode voltar ao cenário, sendo que, no caso de Carlos, também há a investigação do caso da suposta ABIN paralela. Se confirmar qualquer problema jurídico envolvendo os filhos, mais gente poderá se afastar.

Enquanto isso, o PL catarinense segue tentando se organizar para o pleito municipal. Sem grandes nomes na maioria dos municípios maiores, a aposta poderá ser nos municípios menores, o que levará os liberais a rivalizarem com o MDB para tentar fortalecer o partido visando 2026.