O Presidente Lula, durante a campanha eleitoral do ano passado, prometeu unificar o País. Logo que tomou posse, adotou o lema “União e Reconstrução”. Obviamente isso significa que deveríamos todos viver em paz, em um país no qual as desavenças seriam esquecidas e substituídas por uma convivência fraternal e tolerante. As inevitáveis diferenças de pontos de vista não seriam causa de brigas, exclusão e xingamentos. Isso, na teoria. Na prática, se alguém está levando esse compromisso a sério, não é, por certo, o Presidente. Nas suas manifestações políticas o que vigora é ferrar os adversários de sua predileção.

Pouco tempo atrás Lula disse que pretendia passar o resto de seu mandato sem falar no Bolsonaro. Não aguentou, não resistiu. Referindo-se, recentemente, ao ex-Presidente, ele desferiu as seguintes palavras de conciliação e cordialidade: “facínora”, “furacão do mal”, “maluco”, “sem vergonha na cara”, “gente ruim”. A desculpa pela contradição entre promessa e realização é a de sempre: o outro presidente fazia a mesma coisa. Então, só para não variar, o atual presidente faz igual ao que o outro fazia de errado. Imita os desacertos e os desatinos.

Em relação a Sergio Moro o que ele já disse é bem mais pesado. É impublicável.

Essa visão, ou falta dela, revela a incapacidade do atual presidente de ver o País e o mundo com visão ampla. O modo de enxergar a realidade se amiúda pelos limites pessoais e pela ideologia. Seus pontos de vista em relação a Venezuela, Cuba, à guerra na Ucrânia, ao Hamas, atestam o que Volodymyr Zelensky disse sobre nosso presidente: “Pensei que ele tinha uma compreensão maior do mundo”. Não tem mesmo. E também não tem uma compreensão maior do Brasil.

Nos seus sonhos, Lula imagina que é um Nelson Mandela, saído da prisão mais sábio, com um entendimento maior da realidade. Nada disso. Mandela deixou a cadeia após 27 anos encarcerado, por motivos estritamente políticos, em cela comum. E com serenidade e sabedoria, unificou o país, levou-o ao fim da discriminação e à unidade de propósitos. Nosso presidente ficou preso um ano e sete meses na sede da Polícia Federal, em Curitiba. E saiu de lá cheio de ódio e rancor. Com espírito de vingança. A diferença básica é que Mandela era um estadista. Estadistas têm uma qualidade importantíssima para um governante: a grandeza de espírito. Lamentavelmente, nosso presidente está muito longe disso.

Natal e esperança.

Ainda assim, não há que se perder a esperança. As vésperas de Natal são o momento ideal para cultivar os valores da tolerância, da fraternidade, da reconciliação – não apenas em relação a amigos e parentes, mas, como ensinou Jesus Cristo, muito especialmente, porque é mais difícil e mais significativo, em relação a desafetos, adversários e até inimigos. Que assim seja. Que assim aconteça em 2024.