
No ano passado, o Brasil não ganhou a Copa do Mundo. Estou falando do futebol masculino. Somos pentacampeões, o que já é muito, mas não chegamos ao hexa. A quebra das expectativas levou, na época, um monte de gente a especular sobre as causas. Por que, afinal, deixamos de ter o melhor futebol do mundo? Motivo é o que não falta. E hoje quero falar de um deles: a esculhambação que impera nos jogos, devido à falta de civilidade e segurança. As cenas que a gente viu na última Copa – famílias juntas, adultos e crianças, torcendo em paz e com alegria – isso não acontece mais na maioria dos estádios brasileiros. O que temos é briga, agressão, bandalheira de toda a espécie. Até o homicídio. E o que mais impressiona nestes casos e em outros, nem é tanto a existência de desordeiros nas praças esportivas – eles estão em qualquer lugar do País e do mundo – o que assusta mesmo é a impotência das autoridades para enfrentá-los e defender a população.
Tal incapacidade não se limita à questão do futebol. Por todos os lugares do Brasil, as pessoas estão recuando, se escondendo, se curvando ao poder dos bandidos. Fora e longe dos estádios, as autoridades de segurança pública pedem à população que nunca reaja a um assalto, que entregue tudo o que é seu passivamente. A ordem é baixar a cabeça, sofrer a vergonha de ser roubado e ainda agradecer aos bandidos se pouparem nossa vida. No futebol, fazem jogos vazios, sem público; já expulsaram de alguns estádios algumas torcidas organizadas e bagunceiras. Tudo isso está certo. Mas é triste esta humilhação.