O presidente Lula, ao desrespeitar a liturgia do cargo, está causando um enorme estrago na imagem do País. Os seus discursos, marcados pelo improviso e por picuinhas ideológicas, provocam danos à reputação do Brasil em várias áreas: política, economia e relações internacionais. Nesses quase quatro meses de governo, as suas explanações foram marcadas pela agressividade, preconceito, ódio e informações falsas.

Em sua visita à China, por exemplo, ele teve um comportamento lamentável ao provocar gratuitamente os EUA. Lula, para atacar o decisivo parceiro comercial americano, afirmou, ao conhecer a gigante de tecnologia Huawei – empresa banida do território norte-americano em função de acusações de espionagem -, que o Brasil “quer dizer ao mundo que não tem preconceito” nas relações internacionais. Esse discurso teve o único propósito de atacar de forma mesquinha os americanos.

O presidente brasileiro esqueceu que os EUA também possuem papel decisivo nas transações comerciais firmadas pelo Brasil no mercado internacional. Ele poderia visitar a empresa chinesa. Isso é plenamente aceitável. O que não é admitido é utilizar aquele momento para, em nome do Estado brasileiro, enviar recados amadores e grotescos contra outro também importante parceiro comercial.

Em relação à guerra da Ucrânia, Lula atacou os Estados Unidos e a União Europeia, dizendo que os americanos e os europeus precisam parar de incentivar o conflito. Ele, no alto de seu improviso e de seu desequilíbrio cognitivo, simplesmente transformou, sem qualquer pudor, o Estado brasileiro em mero garoto propaganda de versões criminosas criadas pelo tirano e assassino Vladimir Putin.  

E o pior: igualou a Rússia e a Ucrânia na guerra, dizendo que ambas são responsáveis pelo conflito. O presidente Lula também sugeriu que a Ucrânia seria obrigada a ceder parte de seu território numa eventual negociação de paz. Ao fazer isso, o presidente brasileiro atentou contra a Constituição brasileira, que apregoa que o Brasil, nas relações internacionais, é regido pelos princípios da autodeterminação dos povos e não-intervenção (art. 4º, incisos III e IV). O presidente brasileiro deve manifestar sempre repúdio contra países que promovam o uso da força contra a integridade territorial de outros Estados. Isso é sua obrigação constitucional.

A questão é objetiva: a Ucrânia foi invadida pela Rússia de forma criminosa, desumana e atentatória à civilização. E, se não fosse o apoio norte-americano e europeu, infelizmente, o Estado ucraniano já teria desaparecido. O seu território seria facilmente incorporado à Rússia. Por isso, Lula deve um pedido sincero de desculpas aos povos civilizados pelas suas falas desastrosas. A nossa tradição pacifica e democrática nas relações internacionais jamais permitirá que estejamos alinhados com autocratas e ditadores, como é o caso de Vladimir Putin.

 No campo interno, Lula tem feito declarações desastrosas contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, bem como o Senador Sergio Moro, provocando fortes ruídos na esfera econômica e política. Na última semana, por exemplo, durante evento com governadores e chefes de Poderes, para discutir segurança nas escolas, o mandatário fez uma relação dos casos recentes de ataques com jogos de videogame, que segundo ele estimulariam a violência. Nesse mesmo evento, ele chegou a ponto de relacionar os autores de atentados com “deficiência mental” e pessoas “com problemas de desequilíbrio de parafuso”. São manifestações preconceituosas, irracionais e levianas que afrontam a liturgia do cargo de Presidente da República.

Diante desses discursos atentatórios ao interesse nacional, é preciso aplicar a frase dita pelo rei Juan Carlos I da Espanha ao presidente venezuelano Hugo Chávez, perguntando ao Lula: “Por que não te calas”? Ou o presidente Lula segue a liturgia do cargo, lendo discursos escritos, preparados por pessoas inteligentes, racionais e temperadas, ou deverá calar-se. Essa improvisação temerária e odiosa não poderá mais ter espaço na agenda presidencial, sob pena de continuar causando enormes prejuízos políticos, econômicos e sociais para todos os brasileiros.