Mil confusões – Coluna do Paulo Gouvêa
Um número grande de prefeitos catarinenses depende, agoniadamente, da liberação dos recursos do “Plano Mil” para melhorarem a avaliação de suas administrações. No ano que vem tem eleição. Muitos deles pretendem disputar um novo mandato, outros têm seus candidatos favoritos para sucedê-los. E todo mundo está em suspense: sai ou não sai o dinheiro para as obras do plano milionário, inventado pelo ex-governador Carlos Moisés?
A resposta é incerta porque o plano ficou órfão de pai e inventor: o Comandante perdeu a batalha. E o dinheiro não havia sido totalmente enviado antes que ele tivesse de abandonar o comando do Estado por ter vencido seu prazo de validade. E agora? Como é que fica?
Só quem pode retomar as transferências financeiras é, claro, o novo governador Jorginho Melo. Ele deve estar se sentindo num dilema cabeludo. Politicamente falando, o Plano não é seu, não foi ele quem gerou essa criança e as incumbências do seu sustento. Mas, o progenitor original perdeu a guarda do fedelho. Caso o novo Governador decida assumir integralmente a criatura e liberar o envio do dinheiro para os prefeitos, é provável que eles todos, felizes com a construção das obras que planejaram, sintam gratidão ao ex-governador e não valorizem tanto o gesto do atual. Este é o dilema: se não solta o dinheiro, a prefeitada fica irritada com quem represou as liberações. Se Jorginho assume a guarda parental e as obrigações decorrentes, o pai biológico, que não é ele, acaba sendo beneficiado. E o bicho pega.
Nessa sinuca de bico, pode ser que ele acabe fazendo o que Bolsonaro tentou fazer com o Bolsa Família: troca o nome do Plano Mil e cria outro que faz a mesma coisa. Tenta puxar a sardinha para o mais próximo possível da sua brasa. Tudo evidentemente bem combinadinho com cada prefeito, em conversa lá no Palácio da Agronômica. No caso do Capitão a estratégia não funcionou porque a marca do programa era forte demais. Será que Jorginho consegue assumir essa paternidade por inteiro, conquistando os corações e a fidelidade de, pelo menos, a maior parte dos prefeitos amparados pelo Plano Mil? É hora de mostrar talento político.
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