O Nosso SCemPauta comentou dias atrás a baixa influência que o prefeito de Blumenau Mario Hildebrandt demonstrou nas últimas eleições. Um claro exemplo é o fato de que seu candidato preferencial à Câmara dos Deputados, o secretário municipal de Comunicações André Espezim, teve votação bem abaixo das mais pessimistas expectativas da Prefeitura. Nem na sua própria cidade o preferido do prefeito conseguiu apoio sequer razoável. E os demais candidatos que, de uma forma ou outra, dependiam dos possíveis efeitos positivos do apoio oficial, igualmente fizeram pouco voto na cidade do prefeito. Esse fenômeno resulta de um aspecto peculiar da personalidade de Hildebrand: a intensa concentração em si mesmo dos benefícios oriundos de ações administrativas. Os holofotes da imprensa, em Blumenau, são estimulados a focar na figura do Chefe e em mais ninguém.

Um aspecto curioso é que o Prefeito está fazendo uma boa administração. Nada espetacular, nada muito inovador, mas, com provável boa avaliação dos eleitores da cidade. Todavia, em razão daquela característica personalíssima, ele talvez esteja fadado a fracassar politicamente numa eleição em que não poderá ele mesmo ser o candidato. Algum possível escolhido para sucedê-lo teria muita dificuldade na eleição. A não ser, é claro, que tal concorrente já tenha intenso brilho próprio.

Além dessa, outra encrenca aflige o prefeito de Blumenau. No último dia do ano que vem ele encerra sua administração. Se nada, depois disso, acontecer na sua vida política, ficará ao relento, sujeito às chuvas do esquecimento. Ou seja: pode ficar difícil a obtenção de algum um outro mandato, de deputado por exemplo, nas eleições que se realizarão dois anos mais tarde. Hildebrandt precisará, portanto, de alguma posição que lhe assegure a atenção dos eleitores. Uma Secretaria de Estado, supostamente.

Juntando A com B, é possível imaginar – como alguns analistas já supõem – que o prefeito blumenauense esteja tentando costurar com o governador Jorginho Mello, um acerto pelo qual o primeiro colocaria as viáveis simpatias da administração municipal – que, de qualquer forma, não são desprezíveis – a favor de um candidato a prefeito indicado pelo governador. Em troca, obteria o desejado cargo administrativo estadual.

Nessa linha de raciocínio, e adicionando ainda um terceiro fator, convém prestar atenção na notícia de que o ex-prefeito de Blumenau, João Paulo Kleinübing, foi nomeado Diretor do BRDE – cargo que, de tão importante, tem sido ocupado por pessoas de grande relevância na política estadual. Nomeado por quem? Pelo governador Jorginho Mello. Somando, já aí, A com B mais C, resulta que talvez Mário Hildebrandt já começa a ter, para a próxima eleição, um candidato seu, com personalidade própria, forte apoio estadual e boa avaliação no município. Vale dizer, um candidato capaz de permitir ao atual Prefeito ser vitorioso na sua sucessão. É para esse rumo que, aparentemente, está transitando o atual Prefeito de Blumenau.