Jorginho gera insatisfação entre os seus próprios aliados
Quando foi eleito ao Governo do Estado, Jorginho Mello foi visto como uma liderança experiente, que não repetiria os mesmos erros de seu antecessor, Carlos Moisés da Silva (Republicanos). Acontece que os atos não confirmam a previsão e mostram que os erros tendem a se repetir, ou até mesmo, serem piores.
O fato é que a reclamação é grande, sobretudo, da parte de alguns dos deputados eleitos. Segundo algumas fontes, a insatisfação se dá pelo fato de não serem ouvidos, mesmo tendo ajudado durante o processo eleitoral. Um recado claro, foram as várias ausências na posse. Questionada, uma fonte respondeu: “Ir a posse é prestigiar o eleito, certo? Quantas vezes você viu ele (Jorginho) prestigiar os deputados? ”, respondeu em forma de pergunta. Resta saber se Jorginho entenderá as ausências. Outra resposta que mostra o grau de relacionamento também chama a atenção. “Não é que se tenha uma má relação com o Jorginho, simplesmente, não há relação”, afirmou outra liderança.
Em outro relato ouvi que, além de não serem ouvidos, Jorginho se fecha com o seu núcleo e toma as decisões às portas fechadas, sem dar espaço para sugestões. Um dos principais alvos da insatisfação é Felippi Mello, principal integrante do núcleo duro, além de ser o filho do governador. Apelidado de eminência parda da nova gestão, segundo algumas fontes, nenhuma decisão é tomada sem o aval do advogado, que informalmente terá a atribuição de fazer algumas conversas do governo, inclusive com possíveis investidores com interesses no estado. “Ele não está formalmente, mas faz sim, parte do governo e tem grande poder de decisão. Um exemplo é que praticamente, quase todos os secretários tiveram que ter o aval dele, quem não teve não foi nomeado”, confidenciou uma pessoa com livre circulação durante a transição.
Mais uma característica do novo governo parece ser a dificuldade de relacionamento. Já há uma lista de desafetos, os quais são apontados como persona non grata, pelo menos, até segunda ordem. Um exemplo foi o próprio Moisés, que por diversas vezes tentou falar com Jorginho, sem sucesso. Na quinta-feira passada os responsáveis pelo cerimonial de posse, ligados ao novo governo, sugeriram que Moisés nem fosse à Assembleia Legislativa, porém, quando souberam que o agora ex-governador iria, determinaram que a assinatura do livro de posse fosse na presidência da Alesc, não no plenário.
Nem mesmo um momento para uma fala de Moisés foi aberto. Se por um lado, algumas atitudes do ex-chefe do Executivo também são merecedoras de críticas, mas fazer um gesto mostraria que o novo governo não é afeito a atitudes pequenas e que, qualquer mal-estar político eleitoral, pode ser superado. Para completar o show de indelicadezas, o ajudante de ordens virou alvo de críticas por simplesmente, não permitir ao presidente do parlamento, Moacir Sopelsa (MDB), falar com Jorginho.
Jorginho Mello se elegeu em Santa Catarina graças a força do bolsonarismo no estado. Sem esse eleitorado que verticalizou a disputa eleitoral, assim como fez com Moisés em 2018, não teria tido sucesso. Isolado no primeiro turno, viu uma parte dos partidos que não o quiserem, oferecerem uma ajuda inócua, já que ele não precisava de apoio algum, para vencer um segundo turno que começou com a eleição praticamente decidida.
Fontes entendem que a corrida de lideranças oferecendo apoio somente para colar no então futuro governador, fez com que Jorginho se sentisse empoderado, ao ponto de se intrometer até mesmo na disputa pelo comando da Assembleia Legislativa. Partiu dele, mesmo que não admita publicamente, a ideia de o PL apoiar Zé Milton Scheffer (Progressistas). Quando a ideia deu errado devido ao forte movimento das demais bancadas, Jorginho caiu na real que o parlamento não funciona com imposição, mas com construção.
Influências estranhas
Outro motivo de reclamação entre lideranças mais ideológicas, é a notória influência do ex-deputado, Gelson Merisio, no novo governo. Filiado ao Solidariedade, Merisio foi um dos coordenadores da campanha do presidente eleito, Lula (PT), em Santa Catarina, e do então candidato a governador, Décio Lima (PT). Mesmo assim, ele conseguiu emplacar assessores de imprensa, a exemplo de Aline Vaz e Thiago Santaella, além de nomes em outros setores.
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