
Escrevo esta coluna, mais uma com o tema Turismo em SC, ainda sob os ecos da torcida de 235 mil pessoas que lotou o Autódromo de Interlagos nos três dias de GP São Paulo de F1, um evento que impacta a indústria turística brasileira e a imagem do nosso país no exterior: de forma recorrente, 2 bilhões de pessoas ouviram ou ouvirão falar do Brasil e de São Paulo no pré, durante e no pós-F1. O público superou em 28% o de 2021 (cerca de 182 mil pessoas), sendo que das 235 mil, 75% delas eram de fora da Capital paulista e, dessas 75%, 10% eram do exterior. Hotéis lotados, 10 mil empregos diretos gerados e um retorno de R$ 1,2 bilhão para a Capital paulista. Um belo exemplo para o Brasil e para Santa Catarina.
Mas voltemos ao nosso Turismo. Nas duas colunas anteriores desta série sobre o futuro de SC, em que contemplamos o planejamento estratégico para o Turismo em nosso Estado, propusemos, em primeiro lugar, um profundo diagnóstico para o desenvolvimento de uma política turística planejada – seguida da elaboração planos regionais de Turismo.
Em segundo lugar, a definição dos modelos de ação para estruturar o Turismo – com obras e ações de infraestrutura nas cidades – e também a divulgação nacional e internacional, sempre como a visão conceitual da participação da iniciativa privada (concessões, PPPs). E, em terceiro lugar, apresentamos fontes de recursos – no orçamento do Estado, com verbas específicas para financiamento de infraestrutura turística -, crédito e incentivo para empreendedores, investimentos da iniciativa privada nacional e estrangeira e a obtenção de investimentos via instituições financeiras do Brasil e do exterior.
Porém, como destacamos na coluna anterior, investimento é, sem dúvida, algo que o Turismo precisa muito, para ser estruturado e divulgado. Mas também é necessário criar programas e iniciativas estratégicas para que a aplicação desses recursos alcance os melhores resultados. Este é o nosso tema de hoje.
Vou usar aqui alguns exemplos do que fizemos no Estado de São Paulo nos últimos quatro anos, lembrando sempre que sempre é preciso adaptar aos nossos potenciais e às nossas vocações. Lá, nós iniciamos nossa gestão criando o programa SP pra Todos, com duas ações iniciais totalmente integradas. Uma delas foi de caráter fiscal, com a redução da alíquota de 25% para 12% do ICMS para os combustíveis de aviões. Em contrapartida, as empresas áreas aumentaram em 708 o número de voos semanais antes da pandemia e a implantação do ‘stopover’ (escala de voo na qual o passageiro faz uma parada em um local no seu trajeto e fica alguns dias, pegando depois o mesmo voo em direção ao destino final) nas cidades do interior paulista.
Mas não apenas isso: a redução do ICMS dos combustíveis também levou as aéreas a criarem um fundo de divulgação para o SP pra Todos, como forma de dar visibilidade ao Estado de São Paulo para visitantes do Brasil e do exterior. Infelizmente, veio a pandemia, o Turismo foi a dimensão econômica mais afetada no planeta – mas é importante dizer que o SP pra Todos estava mais do que preparado quando começou a retomada. Outra anotação importante: renovamos a redução de 12% para o ICMS dos combustíveis de aviões e a arrecadação cresceu, menos, é claro, no período de pandemia.
E também antes e depois da pandemia quero ressaltar outra iniciativa que tomamos: a criação do Centro de Inteligência da Economia do Turismo (CIET), que balizou com informações e dados quais seriam os caminhos da retomada e deu alicerce científico aos programas que implantamos – tendo como princípio a famosa máxima de Peter Drucker: “Se você não pode medir, não pode gerenciar”. O CIET dá tão certo que recentemente recebemos em Madri a carta de aceitação para que ele se torne membro oficial da Rede Internacional de Observatórios de Turismo Sustentável da Organização Mundial do Turismo (OMT). Será um dos 32 observatórios membros da rede no planeta.