Bola de cristal em ação: quem tem chance de ser governador? – Coluna do Paulo Gouvêa
A resposta a esta questão primordial depende de outra previsão igualmente importante e bastante óbvia: quem tem maiores possibilidades de chegar ao segundo turno? Ou alguém acha que um dos competidores poderá levar a taça já na primeira rodada? Sim? Negativo. Pode tirar o cavalo da chuva. Com tanto candidato forte na disputa, a chance de não haver segundo turno é praticamente zero. Então, quem vai para as finais?
Circula por aí, nos bastidores, uma tese interessante: a da maior e da menor divisão de votos dentro de cada campo ideológico. A direita tem quatro candidatos expressivos: Carlos Moisés, Esperidião Amin, Gean Loureiro e Jorginho Mello. E mais um que tende a conseguir algum crescimento: Odair Tramontin. Do lado esquerdo, só há dois concorrentes de algum porte Décio Lima e Jorge Boeira. Por essa razão, a aritmética estaria sugerindo que um dos dois finalistas sairia da esquerda e o outro da direita. Ou seja: seria menos provável saírem dois da direita. Mas, presenciei um bom conhecedor das características das nossas eleições colocar no papel estas possíveis quantidades de votos: o lado destro da política do nosso Estado pode ter, a grosso-modo, 70% dos votos, e o lado canhoto 30%. Se fossem 100 os votos totais em SC, um cálculo chutado poderia ser a divisão de 70 votos por cinco e de 30 votos por dois. E os resultados são praticamente os mesmos. Segundo essas contas parece mesmo que há uma possibilidade de se ter um clássico direita versus esquerda no segundo turno. Nesse caso, quais seriam os dois times nesse hipotético confronto? Antes, porém, de esquentar a cabeça com essa especulação, é preciso ter claro que a chance dessa hipótese acontecer, ou de outras diferentes possibilidades acontecerem, depende de uma série de outros acontecimentos.
O elemento TV
Uma condição muitíssimo relevante é o tempo de TV e de rádio. Nesta eleição os meios tradicionais de comunicação devem ter importância bem maior que na anterior. As redes ainda funcionam, mas, já não pesam tanto como quatro anos atrás devido à maior conscientização das pessoas em relação às notícias falsas. A propaganda direta nas ruas, os comícios e caminhadas, não deverão ser muito diferentes do que em outras épocas. O que pode fazer um prato da balança pender para lá ou para cá é, muito especial nesta eleição, a disponibilidade de tempo no vídeo e nas ondas de rádio. Nesse quesito quatro candidatos estão bem munidos: Gean Loureiro é o primeirão com 2 minutos e 57 segundos, o segundo é Décio Lima com 2.43, a seguir vem Carlos Moisés com 2.14 e Esperidião Amin com 2.03. Claro que tal munição depende cem por cento da qualidade do que for exibido. Ela tem os tais dois gumes: pode encantar e com isso atingir o coração e a cabeça dos eleitores, mas também pode levá-los ao tédio e à rejeição. Seja como for, para o bem e para o mal, o previsto aumento da importância da comunicação por rádio e televisão este ano, tende a provocar uma concorrência mais em cima, entre Gean, Décio e Moisés, por duas vagas no segundo turno.
O elemento Jair
Especula-se também que um outro fator poderia colocar mais alguém no bloco da chegada: a preferência de Bolsonaro, que é o candidato presidencial favorito dos catarinenses, por um dos postulantes ao governo. À certa altura chegou a se dar como certo que uma opção fechada do atual presidente por algum nome poderia garantir a este candidato lugar cativo no returno da eleição. Mas, o fato já eloquentemente definido pelo próprio Bolsonaro é que toda sua preferência é a favor do maior número possível de votos para ele mesmo. O atual presidente por certo não se destaca pelos conhecimentos, pela sabedoria ou pela civilidade. Mas, de bobo não tem nada. Se tolo fosse, não chegaria aonde chegou saindo dos subsolos do baixo clero. A tese que ele esposa – de que não apoiará um único candidato onde há outros que também o apoiem – é perfeitamente compreensível. E elimina a possibilidade dele se vincular a uma candidatura singular a Governador de Santa Catarina ou de qualquer outro Estado. Jorginho Mello pode, pois, chorar pitangas lá no pequeno reduto partidário no qual se instalou, sempre trabalhando com a única bandeira – que ele era “o candidato de Bolsonaro”. Esperidião Amin não tanto assim, mas não tão longe. E Gean Loureiro, dono do maior cabedal de minutos e segundos na TV, tem o aval de João Rodrigues, seguramente o mais sincero e persistente bolsonarista de Santa Catarina. No outro lado, Décio Lima é proprietário único dos benefícios que podem advir da popularidade de Lula em SC. Mas, esse patrimônio, seguramente, tem menos valor na bolsa do que aqueles provindos de Bolsonaro.
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