Nas duas últimas colunas tratamos de assuntos que considero vitais para o futuro de Santa Catarina – a curto, médio e longo prazo. Depois de apresentar os motivos pelos quais um Estado que ocupa apenas 1,1% do território nacional e tem 3,4% da população do Brasil estar no topo dos indicadores sociais e econômicos, apontamos para um fator fundamental: o equilíbrio entre as regiões, um diferencial com relação aos demais estados da União.

Porém, como destacamos, esse equilíbrio não foi conquistado por acaso: é o resultado de um planejamento histórico, que vem desde o Plameg do Governo Celso Ramos (1961/66) – ou seja, há 60 anos – e assim seguiu ao longo dos governos que se sucederam, até recentemente, quando o Estado ficou sem um Plano de Metas que marcou as administrações por quase seis décadas. É lamentável que isso tenha acontecido e que Santa Catarina – ao contrário de sua tradicional prática de gestão – tenha embarcado na canoa furada que é a falta de continuidade de políticas públicas, na qual naufragam a grande maioria das unidades da Federação.

Da nossa parte, já fizemos essa lição de casa – e vamos apresentá-la a partir desta coluna, como forma de fomentar o debate e fazer sugestões que julgamos pertinentes para o futuro do nosso Estado. Esse trabalho foi desenvolvido a partir das ideias e toda a experiência que acumulamos na gestão pública brasileira ao longo das últimas décadas – como, por exemplo, como ministro do Turismo e presidente da Embratur – e mais especificamente em Santa Catarina, como secretário de Articulação Internacional, Planejamento, Orçamento e Gestão e na criação da SC Parcerias, nos governos Luiz Henrique/Leonel Pavan. Essas ideias também são debatidas e ampliadas nas minhas conversas com o professor da UFSC Neri dos Santos, um dos 100 mil maiores pesquisadores do planeta e CEO do Instituto Stela de plataformas digitais, com o qual estive na linha de frente da elaboração de um dos planos de Governo LHS.

Para princípio de conversa, vamos falar sobre uma abordagem sistêmica da situação ambiental, econômica e social de nosso Estado, baseada em “Projetos e Ações Estruturantes”. Esta abordagem define que projetos e ações estruturantes possuem, simultaneamente, alta singularidade e alta transversalidade:
• Um projeto (ou ação) com alta singularidade pode ser entendido como sendo raro, difícil de ser imitado ou insubstituível para atender às necessidades da população catarinense e para desenvolvimento econômico e social de nosso Estado;
• Um projeto (ou ação) com alta transversalidade pode ser entendido como sendo indispensável a mais de uma região do Estado, a mais de um setor da atividade econômica e atender à maioria da população catarinense e não a um grupo de interesse específico.

Salienta-se que a implantação de projetos e ações estruturantes geram desenvolvimento econômico e, consequentemente, desenvolvimento social, reduzindo a desigualdade e aumentando a inclusão social.

A partir da próxima coluna vamos passar a descrever esses projetos e ações estruturantes que consideramos prioritários para o nosso Estado. Eles vão abranger as dimensões Socioambiental; de Infraestrutura e Mobilidade; e Econômica, Governança e Fiscal.

O que nós esperamos é poder contribuir com o debate sobre os destinos de Santa Catarina. Afinal, está chegando a hora de os candidatos ao Governo e também os partidos apresentarem suas propostas – e esta é uma oportunidade única para decidirmos qual é o Estado que queremos para as próximas décadas.