Essa dimensão chamada Turismo, da teoria à prática – Coluna do Vinícius Lummertz
Em entrevista que concedi e que foi publicada recentemente pela revista Hands ON Magazine, pude definir com alguns pensamentos – que divido agora com você – como vejo o panorama do Turismo no Brasil pós-crise pandêmica e retomada, e também fazer colocações importantes sobre a Economia do Visitante, algo que venho destacando como prioridade neste momento em que novos desafios surgem não só Brasil, mas em todo o planeta. O jornalista da Hands ON Carlos Eduardo Oliveira, que gentilmente deu o título da matéria de “O Homem-Turismo” (com certeza um exagero), me perguntou em primeiro lugar sobre o que ele definiu como “a inegável deficiência brasileira em explorar seu potencial turístico”, questionando como colocar essa pauta no cerne da agenda político/econômica de Brasília.
Respondi a ele – como aliás venho colocando em inúmeras colunas e artigos – que se trata de uma questão de prioridade de governo e de mudança de paradigma. Enquanto o Turismo for encarado como atividade que funciona a reboque da economia, não teremos uma dimensão econômica pujante. O Turismo – essa dimensão que é muito mais do que um segmento, como classificam arcaicamente a maioria dos economistas – é um dos maiores empregadores do mundo, gerando renda e desenvolvimento. O Turismo é mais do que hospedagem, transporte e alimentação. Ele movimenta uma cadeia extensa, com repercussões em larga escala. Ele eleva a qualidade de vida de uma cidade e gera serviços que não existiriam sem a presença dele.
A partir dessa colocação – a de que o Turismo tem que ser colocado no centro da agenda político/econômica e também na pauta de debates dos candidatos à Presidência da República – pude, então, avançar sobre os conceitos da Economia do Visitante, que inclusive foi o tema do recente Fórum Estadão Think – Turismo de Proximidade, do jornal O Estado de S. Paulo, no qual fiz um dos pronunciamentos de abertura.
Para a Hands ON expliquei que o conceito de “Economia do Visitante” é a própria definição do que é Turismo e de toda a sua amplitude e efeitos, pois considera também a repercussão indireta e induzida da atividade turística. Nova York nos ajuda a entender o impacto do visitante na economia da cidade. São 65 milhões de turistas por ano em uma cidade que tem 8 milhões de habitantes. O resultado: US$ 73,6 bilhões a mais na economia e inúmeros serviços que existem para atender esse público extra.
As montagens da Broadway, por exemplo, não resistiram à falta do Turismo e fecharam suas portas durante a pandemia.
Gramado tem uma situação parecida, com uma indústria moveleira, por exemplo, que existe para atender esse visitante. Pois então, indústria de móveis é Turismo? Pode ser. Importante entender que em Gramado há várias indústrias e cidades vizinhas que foram catapultadas pela “plataforma” que é o Turismo; como o de eventos, museus e atrações, imobiliário, dos vinhos da região, alimentos, arte e artesanato, porcelanas e vidros. Assim, na Economia do Visitante devem entrar todos os bens e serviços criados para atender o turista, os novos empregos, a geração de impostos, além dos postos de trabalho e salários. Enfim, é preciso dizer que impacta a vida das pessoas nas cidades e regiões turísticas, já que essas cidades e regiões necessitam ter qualidade de vida e infraestrutura de bom nível para receber o visitante, mas também para o morador local.
Foram vários os aspectos abordados na entrevista da Hands ON, mas gostaria de destacar aqui um que pode ser uma boa ideia para Santa Catarina. Trata-se da Central do Investidor Paulista, que é uma estrutura criada para orientar empreendedores do Turismo sobre crédito e investimentos. O objetivo é aproximar investidores de oportunidades de negócios e de recursos especiais para este fim.
Com foco em gestores públicos, pequenos empreendedores e investidores privados, a Central do Investidor é uma ação do maior programa de crédito estadual do país. Só no ano passado, o programa recebeu mais de três mil solicitações de empréstimo e ajudou a liberar mais de R$ 2 bilhões para reduzir o impacto da pandemia. Em outras palavras, a ideia é criar um espaço que se torne um motor de aceleração de oportunidades. O atendimento é presencial, na sede da Secretaria de Turismo e Viagens, que comando no Estado de São Paulo, e virtual, por agendamento.
E assim temos a teoria da Economia do Visitante unida à prática, à ação concreta, como no caso da Central do Investidor. É disso que o Turismo precisa: ser colocado no centro da pauta político/econômica do Brasil e de SC, ser bem estruturado e divulgado, internamente e para o resto do planeta. Os resultados são infalíveis – e nos darão tanta satisfação quanto o prazer de viajar e visitar outros lugares.
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