
Houve um tempo em Santa Catarina em que o Turismo ocupou o centro da pauta do Governo do Estado – esse tempo foi durante as duas gestões de Luiz Henrique da Silveira, entre 2003 e 2010, e também dos dois vice-governadores que assumiram nos anos eleitorais, Eduardo Pinho Moreira (2006) e Leonel Pavan (2010), que mantiveram essa prioridade. Foi no Governo LHS, o qual tive oportunidade de servir como secretário de Articulação Internacional, na criação e presidência da SC Par e também acumulando a Secretaria do Planejamento no período Pavan. Nesse tempo – em que realizamos, por exemplo, o WTTC em 2009, o maior evento do turismo internacional já feito no Brasil – foram estabelecidas políticas públicas, com origem em estudos profundos para projetar o Turismo de SC, entre elas a criação de Centros de Eventos ou Arenas Multiuso em pontos estratégicos das diversas regiões, para fomentar a economia, o esporte, o lazer e, especialmente, os destinos turísticos.
Recorro a essa memória para comentar aqui as notícias da imprensa catarinense sobre dois centros de eventos que sofreram e ainda sofrem em virtude da falta de execução de boas políticas públicas para o Turismo em nosso Estado nos últimos anos. Refiro-me ao Centro de Eventos de Balneário Camboriú, com muita justiça batizado com o nome do saudoso Júlio Tedesco, e o Centro de Eventos Luiz Henrique da Silveira, em Canasvieiras, Norte da Ilha de Santa Catarina.
Sobre o primeiro quero aqui agradecer ao amigo Osmar Nunes Filho, o Mazoca, uma das figuras mais significativas do trade turístico catarinense, ex-presidente da Santur e atual secretário de Obras de Balneário Camboriú, que me sugeriu escrever sobre a inauguração do Centro de Eventos Júlio Tedesco, realizada no dia 17 de maio último. Mazoca conta que meu nome e de outros que lutaram por essa obra tão importante foram citados no evento – e aqui agradeço mais uma vez.
No entanto, não posso deixar de registrar o inexplicável tempo em que esse equipamento tão importante para SC ficou parado feito um “elefante branco” às margens da BR-101. Foram 3 anos e 5 meses desde que no dia 21 de dezembro de 2018 nós fizemos a entrega da obra física, eu como ministro do Turismo, e o então governador Eduardo Pinho Moreira, o secretário estadual de Turismo Tufi Michreff e o presidente da Santur, Valdir Walendowsky.
Com a obra pronta, naquele dia liberamos R$ 15,6 milhões pelo Ministério do Turismo via Caixa Econômica para climatização, mobiliário, elevadores, escadas rolantes, catracas, cancelas, sonorização e iluminação, que era o que estava faltando para a inauguração. A licitação para esses equipamentos estava marcada para 14 de janeiro de 2019, ou seja, duas semanas após o início do atual governo. E também o processo de licitação para a concessão à iniciativa privada estava pronto, sendo encaminhado à Assembleia Legislativa.
Pergunto a você contribuinte: o que explica uma obra desse porte, que custou R$ 142 milhões (R$ 72,2 milhões do Governo Federal – sendo R$ 60 milhões liberados por mim no Ministério, R$ 50,8 milhões do Governo do Estado e R$ 19 milhões da Prefeitura de Balneário Camboriú), ter ficado parada por 3 anos e 5 meses? Para se ter uma ideia do prejuízo, basta lembrar que o primeiro evento realizado no Centro Júlio Tedesco, no começo deste mês, o Fenin Fashion Verão 2022/23, gerou R$ 300 milhões em negócios, atraindo 8 mil lojistas e 250 marcas. Quantos eventos desse porte deixamos de realizar?