
Nestes tempos difíceis, em que vivemos uma grave crise de valores éticos, é imprescindível levar a sério a máxima de Paulo Freire, o qual pregava que se deve “Ser coerente entre o que se diz e o que se faz”. O discurso não pode ficar distante da prática. Aquilo que é verbalizado pelos homens íntegros, é necessário que seja praticado. É hipocrisia grosseira sustentar algo que contraria os atos que praticamos em nosso cotidiano. A virtude da coerência precisa ser urgentemente cultivada em todas as relações interpessoais.
No Brasil, a falta de coerência é constante em nossos cotidianos. As pessoas, na sua grande maioria, não possuem o hábito de manter coerência entre o seu discurso e a sua prática. Há cidadãos que criticam os governantes em função de condutas ímprobas, porém, em suas relações interpessoais, procuram obter vantagens ilícitas e reprováveis. Pregam, por exemplo, o fim da corrupção, mas sonegam impostos devidos ao Fisco. Ou seja, criticam abertamente aquela conduta ímproba e ilícita cometida por agentes públicos, porém, na sua relação com o Estado, praticam o crime de sonegação fiscal.
Conheci um destacado professor de Direito que pregava, com extremo entusiasmo, a defesa intransigente dos direitos fundamentais. Dissertava com eloquência sobre o tema perante os seus alunos, deixando-os completamente encantados com a sua pregação. Porém, na sua empresa, ao contratar empregados, fraudava as regras trabalhistas, prejudicando maldosamente os seus colaboradores.