Recentemente, realizei uma palestra sobre o tema Negócios no Mundo Pós-Pandemia, a convite de uma conceituada Universidade em Santa Catarina. O Objetivo era dar um direcionamento e avaliar os desafiadores cenários que se apresentam para as empresas e também para os estudantes, os quais buscam referências para o seu encaminhamento profissional.


O reflexo econômico do pós-pandemia Covid está entrelaçado em todo o ambiente global. Assim sendo, comecei apresentando as premissas do Novo Normal que revelam uma menor previsibilidade no mundo, o Princípio dos Vasos Comunicantes na economia mundial e o Fator China, que influenciam de forma contundente as cadeias produtivas.


De forma mais objetiva, temos os seguintes episódios que estão influenciando neste momento a recuperação econômica da pandemia: Lockdown na China, tendo como consequência a espera de mais de 300 navios para atracarem nos portos chineses, 375 milhões de pessoas em 45 cidades sob bloqueio ou alguma restrição, desde o mês de abril, representando 40% da produção econômica da China. Conflito Rússia-Ucrânia, com 46 mil mortes, mais de dois mil edifícios destruídos, com danos à propriedade em mais de USD 600 bilhões, gerando também consequências mundiais no aumento de preços dos grãos, energia e inflação.

Conforme o governo ucraniano, o Produto Interno Bruto (PIB) deverá cair entre 30% e 50%, em 2022. Já a Rússia, possui uma previsão de retração do PIB em torno de 10% e inflação de 20%. No primeiro trimestre, o PIB russo apresentou crescimento de 3,5%, apesar de enfrentar uma série de sanções sem precedentes. Os danos à economia russa em 2022 ainda não estão claros devido às incertezas em relação às possíveis novas sanções e a questões comerciais.


Com relação à influência no comércio exterior brasileiro, podemos destacar que no primeiro quadrimestre ( janeiro-abril) de 2022, o país exportou USD 101,5 bilhões, com um incremento de 24,1% em valores monetários, conforme dados do Ministério da Economia. No entanto, ocorreu uma redução nos volumes exportados, passando de 216,1 milhões toneladas, em 2021, para 211,3 milhões toneladas, em 2022, demonstrando forte inflação nas exportações. O mesmo ocorre nas importações, ou seja, o Brasil está exportando e importando inflação. Os principais produtos que influenciam o resultado no aumento de preços são a commodities, como petróleo, metais, grãos e fertilizantes.


Com relação ao estado de Santa Catarina, a maior influência na alta de preços está relacionada com as importações, que apontaram um incremento nos valores em dólares e uma redução nos volumes em toneladas.


O governo brasileiro, na tentativa de segurar novas altas de preços e influência na inflação doméstica, zerou as tarifas de importação até o final do ano em diversos produtos. Dentre eles, a carne de frango, a carne bovina, queijos, café, açúcar, fungicidas agrícolas, ferro e outros.


Os principais pontos de atenção dizem respeito aos desafios de reequilibrar as cadeias produtivas, principalmente aquelas dependentes de insumos da China, da Rússia e da Ucrânia. A alta dos preços dos fretes internacionais, da energia e recrudescimento da economia chinesa também acende o sinal para momentos desafiadores e busca de alternativas. As incertezas relacionadas com a volatilidade do câmbio, com as eleições e com a inflação disseminada também configuram como fortes elementos de preocupação.


No final da palestra, apresentei as projeções de crescimento do PIB brasileiro para 2022, pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que giraram em torno de 0,8%, e as do Ministério da Economia (IPEA), de 1,1%.


Portanto, estamos no período pós-pandemia, aliados ao novo normal, mas os cenários ainda poderão ser alterados. Temos outros elementos como a entrada da internet 5G e a indústria 4.0, que poderão dar importantes contribuições para o crescimento econômico brasileiro.