Dados revelaram o aumento vultuoso de brasileiros apreendidos por ingressarem ilegalmente nos Estados Unidos durante o período do último ano fiscal norte-americano (compreendido entre outubro de 2020 e setembro de 2021).


No ponto crítico da pandemia da Covid-19 foram mais de 56 mil brasileiros detidos na fronteira com o México. Um aumento em torno de 700% se comparado ao mesmo período anterior. Verdadeiramente, se está diante de um cenário constrangedor no que diz respeito a direitos humanos e políticas internacionais. Um salto estatístico que representa o maior índice desse tipo de evento migratório em duas décadas!


Não obstante, por trás desses números e percentuais há informações ainda mais chocantes divulgadas pelo órgão americano de Fiscalização de Alfândega e Proteção de Fronteiras, pois escancaram a personificação dos atores brasileiros deste enredo: quase 44 mil pessoas compunham famílias inteiras e, impressionantes 188 eram crianças e adolescentes (desacompanhados) tentando a travessia ilegal.


Assim, deste quadro pintado com as tintas da vergonha, resultou na ascensão do Brasil ao posto de 6º país com o maior número de imigrantes detidos na fronteira dos Estados Unidos com o México, superando Cuba e Venezuela por exemplo. Venezuela que, por sinal, lidera a lista de países onde seus nacionais pedem asilo ao México, conforme a Comissão Mexicana de Assistência a Refugiados (COMAR). Ainda no ponto, segundo a ONU, estima-se que seis milhões de venezuelanos abandonaram seu país natal em busca de dignidade em outras nações.


Consequentemente, sublinha-se que o governo Mexicano cancelou temporariamente o acordo de isenção de vistos com o Brasil e passou a exigir – desde o último dia 11/12 –, que os brasileiros apresentem autorização para viajarem até lá. Ou seja, se antes a realidade era o turismo rumo à paradisíaca Cancún, agora o status brasileiro mudou internacionalmente de figura.


Tais contextualizações abordadas trazem outras preocupações no tocante à realidade brasileira, cuja expectativa de melhora para 2022 começa a se esvair entre os dedos da mão calejada pela Covid-19, instabilidade política, econômica e constitucional (entre os Poderes) e, por óbvio, ante tamanhas consequências de todo esse emaranhado tenebroso e displicente que acompanhamos perplexos.
Que venha o ano novo repleto de disposição e fé alicerçados por Fernando Pessoa que disse que “tenho em mim todos os sonhos do mundo”, pois, afinal de contas, como diria o samba de Arlindo Cruz, “se o passado foi ontem, amanhã o futuro virá; se eu for falar de tristeza meu tempo não dá, não dá”.

Thiago de Miranda Coutinho é Jornalista e Pós-graduado em Inteligência Criminal. Atualmente, é Agente de Polícia Civil em Santa Catarina, graduando em Direito pela Univali e autor de diversos artigos publicados em canais jurídicos reconhecidos nacionalmente. Instagram: @thiago_dm_coutinho