O momento não é para escolha de vacinas e nem para não completar as doses necessárias à imunização. Enquanto muitos se emocionam, são gratos e manifestam de todas as formas possíveis a alegria e a esperança ao receberem a primeira dose da vacina contra a Covid-19, cerca de uma centena simplesmente não compareceram para a segunda dose do imunizante.

Os dados são da Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (DIVE). Desde o início da vacinação contra a Covid até este momento foram vacinados 2.243.784 catarinenses, o que representa 30,94% da população.                         No entanto, 99.524 pessoas não compareceram nas datas previstas para tomar a segunda dose, conforme o período recomendado pelos fabricantes. Da Coronavac 57.124 pessoas não tomaram a segunda dose e da AstraZeneca 42.401.

Entre as razões apontadas para esta diferença na procurada da segunda dose da vacina estão: a ideia errada de que com apenas uma dose a pessoa já estaria imunizada; o receio de possíveis efeitos colaterais e as tão famigeradas notícias falsas que se propagam e de nada contribuem no combate à doença.

A partir das informações divulgadas pelos fabricantes das vacinas e de autoridades de saúde, uma pessoa só poderá ser considerada menos suscetível a contrair a forma grave da doença após alguns dias do recebimento da segunda dose. A exceção é para o imunizante Janssen que requer apenas uma dose.

O Governo do Estado  precisa focar na comunicação destas informações. Contribuímos aqui reproduzindo a entrevista divulgada pela DIVE com a  infectologista Lígia Gryninger. O alerta é que a vacina, junto às medidas de precaução como o uso de máscaras, higienização das mãos e o distanciamento social, é o único meio de controlar a doença, e que, por isso, as pessoas não podem deixar de se vacinar. A médica reforça ainda que todas as opções disponíveis são autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e, na corrida contra o vírus, a população não deve se preocupar em escolher qual vacina tomar.

Por que é importante tomar a vacina?

“A vacina é o único meio, junto com as medidas de precaução como o uso de máscara, da higienização das mãos e do distanciamento social, que vai fazer a gente vencer essa pandemia”.

Das vacinas que estão disponíveis, qual delas é a mais recomendada?

“Todas. As vacinas vão trazer benefícios individuais e coletivos. Se eu tomei uma e a outra pessoa tomou uma diferente da minha, tenha certeza que os dois estarão protegendo um ao outro. Isso é fundamental para vencermos a pandemia”.

Tomei a CoronaVac, estou menos protegido? Ela é eficaz?

“Quando a gente fala em eficaz, a gente pensa no mundo ideal, a gente pensa em não se contaminar pelo vírus. O que nós precisamos entender é que o objetivo da vacina é evitar o agravamento da doença,  a hospitalização e o óbito. Então não tem que haver essa discussão de que uma vacina é menos eficaz que a outra. Todas têm o mesmo objetivo de diminuir a hospitalização e o número de óbitos”.

Não quero tomar a AstraZeneca porque a vacina provoca muitas reações.

“Isso vai depender de indivíduo para indivíduo. Não temos tido reações severas como estão dizendo por aí. O que nós sabemos é que algumas pessoas podem ter uma pré-disposição de desenvolver eventos adversos que a gente considera de leve a moderado no pós-vacinação, que acontece até com outras vacinas. Então, o que tem sido relatado com a AstraZeneca é febre, dor no corpo que deixa a pessoa 24, 48 horas um pouquinho mais debilitada, mas, nada que seja motivo para desistir desse tipo de vacina”.

Tomei a vacina e não tive nenhuma reação, significa que não estou protegido?

“Isso não está relacionado. Isso é uma pré-disposição individual que tem a ver com ter ou não algum evento adverso, em nada tem a ver com a proteção”.

A vacina pode provocar a Covid-19?

“Não. A vacina não é capaz de provocar a doença”.

Eu posso escolher qual vacina tomar?

“A gente deve tomar a vacina que estiver disponível. Nós não recomendamos a pessoa escolher a vacina, mesmo porque o objetivo é dar a proteção para todos, de maneira igual. Então, escolher a vacina nesse momento não é o caminho para a gente conseguir controlar a Covid-19”.

Tomei a vacina. Significa que estou imunizado?

“Para usar a palavra imunização ainda é cedo demais. O que a gente considera é que a vacina vai dar proteção (mesmo que a gente não saiba ainda por quanto tempo) para que, em contato com o coronavírus, você não desenvolva quadros graves ou venha a óbito”.

A pessoa vacinada ainda pode transmitir o coronavírus?
Lígia Gryninger: A pessoa vacinada ainda pode pegar o coronavírus. Se ela pode pegar, ela pode transmitir”.

Uma dose da vacina já é suficiente?

“Depende da indicação do fabricante. Para os imunizantes que precisam de duas doses, é fundamental completar o esquema para que a gente possa considerar a pessoa vacinada”.

Tomei a vacina. Já posso sair sem máscara?

“Não. Infelizmente, não. Eu sei que todos estão ansiosos por este momento, mas, a vacinação não tira o seu dever de continuar usando máscara, higienizando as mãos e mantendo o distanciamento social”.

Tomei a vacina e resolvi checar se adquiri anticorpos. O exame deu negativo, a vacina não foi eficaz?

“Não existe ainda um exame para saber se estou protegido depois da vacinação. Existem alguns exames que podem sugerir uma proteção, mas o fato de eles virem negativos não significa que você não está protegido. A proteção vacinal é muito maior do que somente a dosagem de anticorpo indicada no exame de sangue”.