“Le Brésil n’est pas un pays sériux”. Traduzindo: “O Brasil não é um País sério”. Esta frase é atribuída ao Presidente Frances, General Charles de Gaulle, se referindo a negócios com o Brasil.

De fato, ocorreu um incidente diplomático, entre fevereiro e março de 1963, envolvendo o Brasil e a França, relativo à pesca de lagostas, e houve um pequeno estremecimento nas relações entre os dois países e popularizou-se a versão de que Charles de Gaulle, Presidente da França na época, teria dito que o Brasil não era um país sério.

A Marinha Brasileira havia apreendido barcos de pesca franceses, que estavam pescando lagostas a 30 milhas da costa brasileira, supostamente autorizados pelo Presidente brasileiro, João Goulart. 

Sobre esse incidente, e um tanto aborrecido, o Presidente Charles de Gaulle, chamou o Embaixador brasileiro, Carlos Alves de Souza, para, de uma certa forma, tirar satisfações com o mesmo sobre o ocorrido, e pedir providencias junto ao governo brasileiro.

O embaixador, atendendo ao nobre chamado, teve a audiência com o General Charles de Gaulle, ajustaram o que tinham que se ajustado, e depois, o embaixador, seguiu para um encontro social.

Neste evento social, encontrou um jornalista brasileiro, que de forma curiosa e tentando saber o que ambos haviam conversado na audiência, o embaixador teria dado uma desconversada, e discorrendo um pouco sobre o episódio, teria soltado essa expressão. E aqui o enfeite é meu, supostamente teria dito: “É meu caro jornalista, alguns ajustes são feitos, mas não são cumpridos, e por essas e outras, nós podemos considerar que o Brasil não é um país sério”.   

Logo podemos ver que essa frase não foi dita e nem citada pelo General Charles de Gaulle. Na verdade, ela foi citada pelo Embaixador brasileiro na França, nos anos 60, Carlos Alves de Souza, comentando uma conversa sobre um incidente diplomático entre o nosso país e a França.

Contemporizando a frase, e saindo do contexto do tempo que ela foi proferida, cabe muito bem nos dias de hoje, o que não seria diferente, se afirmarmos que o Brasil não é um País sério, só que agora, na realidade em que estamos vivendo, não é sério para nós mesmos, que assistimos e nos assustamos a cada dia com decisões, as mais estapafúrdias.

Porque não se pode levar a sério. Simplesmente pelo fato de nós brasileiros, que saímos de casa todos os dias para trabalhar, nos mais diversos seguimentos, seja na indústria, no comércio ou no serviço, sem adentrar no mérito da área pública, entendemos e de certa forma confiamos, que as ações levadas a efeito para combater a corrupção sejam levadas a sério, sem trocadilhos, mas não o são.

Vejam o que aconteceu com a operação Lava Jato. Anos e tempo dedicados a tentar destrinchar o imbróglio da roubalheira. São encontradas evidencias e provas as mais diversas, de desvio de dinheiro do público. Vários cidadãos, aliás não vamos chamá-los de cidadãos não, melhor taxa-los de aproveitadores, são indiciados, condenados, por tribunais superiores, são presos (ou foi um hotel?), e com os mesmos recursos angariados de forma ilícita, contratam uma gama de juristas, que não saem de casa para atender demandas que não sejam por mais de cinco milhões, impetram os mais diversos recursos, e tem a benevolência de uma corte suprema, de julgar incompetente a instancia em que tudo tramitou.

Tudo o que foi feito, durante anos, não valeu absolutamente nada, como se fosse uma brincadeira de crianças, num passado não muito distante, em que qualquer disputa e jogo de bolinhas de gude, se dizia: “é a vera ou não”, ou seja, é pra valer ou não é?

Não, o trabalho da Lava Jato, segundo as suas excelências da suprema corte não “era a vera”. Por essas e outras, “O Brasil não é um País sério”.  

Voltaremos a escrever sobre a Suprema Corte.