Governo Daniela: tutela, divisão de poder e alvos de investigação e CPI; Os influentes no governo interino; um Chefe da Casa Civil desalinhado a Daniela entre outros destaques
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Se tem uma coisa de que posso me orgulhar, é da responsabilidade do trabalho que exerço e, o que através do SCemPauta tenho levado de informação à população catarinense. Aqui neste espaço, ninguém encontrará o que deseja saber, pois, para atender a essa expectativa eu teria que mentir ou criar fatos, o que não é o caso. Aqui as pessoas que acompanham ao meu trabalho encontrarão a verdade, mesmo que para algumas pessoas isso nem sempre seja agradável.
É claro que as verdades no meio político nem sempre são duradouras. Não por causa de mentiras, pois tem muitos fatos verdadeiros que, assim como as nuvens, mudam em poucos minutos, acredite, isso é mais comum do que se imagina. Dito isso, vamos à algumas revelações que desnudam o discurso da governadora interina, Daniela Reinehr (sem partido), mostrando que ontem teve início o primeiro governo tutelado da história, que nasce fatiado e com nomes questionáveis, tudo em nome do poder.
No domingo escrevi sobre os bastidores que envolveram a votação do processo de impeachment, ocorrido na sexta-feira passada. Relatei que o ex-deputado estadual, Gelson Merisio (PSDB), pré-candidato a governador, após ter ajudado nas articulações pelo afastamento de Carlos Moisés da Silva (PSL), teria o poder de montar o governo. Adiantei que havia a ideia de tirar Paulo Eli da Secretaria de Estado da Fazenda, para que Achilles Cesar Casarin Barroso Silva, que é próximo ao tucano, assumisse o cargo. Ainda não é conhecido o motivo, mas houve um recuo neste caso.
Já na Casa Civil o nome adiantado aqui no SCemPauta foi confirmado. Gerson Schwerdt, servidor de carreira da Procuradoria do Estado e, ex-procurador geral do Estado. O que chama a atenção é que ele foi um dos alvos da Operação Chabu. No dia 21 de junho de 2019, divulguei com exclusividade que a Polícia Federal apurava a ligação de Schwerdt com José Augusto Alves, conhecido como “Zé Mentira”, pivô de suposta prática de arapongagem de lideranças políticas e empresariais. Segundo as investigações em uma conversa via aplicativo, Alves diz a uma pessoa identificada como “Gerson”, a qual os investigadores acreditavam ser Schwerdt, que teria tido acesso a contatos do gabinete do então deputado Gelson Merisio, para checar algumas denúncias “feitas pela turma do Merisio”. Uma fonte chegou a relatar que o novo chefe da Casa Civil, supostamente seria a pessoa que colocava nitroglicerina nas mentiras de José Augusto, o famoso criar a dificuldade para vender a solução. Outro detalhe é que Gerson Schwerdt, é muito ligado ao novo procurador geral do Estado, Luiz Dagoberto Brião. Ambos ingressaram na PGE no ano de 1993 e desde então, se tornaram amigos. Brião teria sido mais um nome de consenso o grupo.
Além de Merisio, outro nome que teve peso na escolha de Schwerdt, foi o empresário da comunicação Marcello Petrelli. Eles são amigos de longa data e a palavra do empresário teve peso, mostrando uma forte intimidade com o novo governo interino, tanto, que também conseguiu emplacar o nome de Miguel Bertolini para o comando da Comunicação. Não é a primeira vez que essa influência acontece. Quando Daniela assumiu no primeiro afastamento de Moisés, também coube a Petrelli a indicação de nomes para a comunicação. A esposa do general Ricardo Miranda Aversa que assumiu a Casa Civil naquele momento, trabalhou para o empresário, situação que acabou facilitando as coisas.
Ontem, o também colunista do SCemPauta e jornalista da Jovem Pan Joinville, Ananias Cipriano, lembrou com exclusividade que Bertolini foi secretário de Planejamento do governo de Udo Döhler (MDB) em Joinville e, que inclusive, hoje às 9h será ouvido na CPI do Rio Mathias. Vereadores que integram a Comissão de Inquérito têm sinalizado para erros no edital de licitação da obra, que se confirmado, terá causado um prejuízo milionário ao município. Os editais eram de responsabilidade do setor que era comandado por Bertolini.
Outro nome adiantado pela coluna, o ex-deputado Leodegar Tiscoski, foi indicado pelo deputado estadual, Laércio Schuster (PSB), que já foi filiado ao Progressistas onde conheceu Tiscoski. O nome também teve a anuência de Paulinho Bornhausen, só, que para a ala ideológica talvez não pegue bem. Acontece que Tiscoski foi secretário Nacional de Saneamento Ambiental de 2007 a 2012 e, secretário Nacional de Acessibilidade e Programas Urbanos de 2012 a 2014 nos governos de Dilma Rousseff (PT).
A grande surpresa foi o sim da deputada federal, Carmen Zanotto (Cidadania), que assumirá a Secretaria de Estado da Saúde. Parlamentar reconhecida pelo seu preparo em relação as pautas da Saúde, Carmen atende a um pedido do senador Jorginho Mello (PL) que a apoiou na eleição em Lages. O senador, que é muito próximo ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) também terá a tutela do governo. A questão, é que a deputada poderá ser obrigada a lidar com temas a exemplo do chamado tratamento precoce contra o Coronavírus, sobre o qual sempre se mostrou contra.
Ontem a divulgação pela coluna da reação de um assessor ligado a Carmen, que surpreendeu pela resposta que deu a pessoas ligadas ao Cidadania, atacando o deputado estadual Jessé Lopes (PSL) que anunciou nas redes sociais que Carmen seria a secretária, não pegou bem junto aos ideológicos pesselistas. De acordo com o assessor, Lopes é um lunático e eles não tem qualquer ligação com o parlamentar.
Falou o óbvio
Uma nota teria surtido o mesmo efeito da fala de Daniela Reinehr (sem partido), que ontem assumiu interinamente o Governo do Estado. Daniela poderia ter sido mais sincera, mas preferiu esconder a alegria de quem conseguiu chegar ao poder através de “negoci-atas-ações” nos bastidores. Na coletiva em que deixou grande parte da imprensa de fora por temor a perguntas indesejáveis, Daniela não trouxe nada de novo. Prioridade nas vacinações, o combate a pandemia, o não descuidar do desenvolvimento econômico, lugar comum, discurso vazio de quem não tinha o que falar.
Desalinhado
O novo chefe da Casa Civil, Gerson Schwerdt, tem se mostrado totalmente desalinhado ideologicamente ao governo interino de Daniela Reinehr (sem partido), que se diz Bolsonarista. Sem fazer juízo de valor em relação ao conteúdo das postagens, o fato é que Schwerdt aparece em várias publicações, discordando e criticando postagens de figuras idolatradas pelo bolsonarismo como Olavo de Carvalho, Carla Zambelli, o ex-ministro Ernesto Araújo e o próprio Bolsonaro, o comparando a um ventríloquo após um pronunciamento. Ao contrário de Daniela, Schwerdt que também aparece criticando o governo de Carlos Moisés da Silva (PSL), fez postagens sendo favorável ao lockdown.
Tentou justificar
Ontem durante a sessão da Assembleia Legislativa, o deputado estadual Laércio Schuster (PSB), justificou o seu voto no Tribunal Especial do Impeachment. Desconsiderando os relatórios da Polícia Federal, Tribunal de Contas e Ministério Público, Schuster usou o relatório da CPI como justificativa. Só esqueceu de mencionar os cargos que recebeu no governo interino de Daniela Reinehr (sem partido), além de sua mágoa com o governador afastado, Carlos Moisés da Silva (PSL), por ter oferecido o comando da Defesa Civil a Jerry Comper (MDB) e, não a ele.
Convicção
Os deputados estaduais Marcos Vieira (PSDB), Valdir Cobalchini (MDB), Fabiano da Luz (PT) e José Milton Scheffer (Progressistas), tem dado demonstrações de convicção no voto contrário ao impeachment, tanto, que é improvável pensar numa mudança de posicionamento no segundo julgamento frente as manifestações. Ontem em plenário, Cobalchini disse que votou convicto em razão da posição do Ministério Público, que solicitou o arquivamento do processo de impeachment. Ele também mencionou o Tribunal de Contas do Estado, que apresentou parecer contrário ao afastamento de Carlos Moisés da Silva (PSL), e à manifestação da Procuradoria-Geral da República, que pediu arquivamento do processo de investigação no Superior Tribunal de Justiça, levando em conta autos do inquérito da Polícia Federal que concluiu pela inexistência de provas da participação do governador.
Ataque de milícias
Em sua manifestação o deputado estadual Valdir Cobalchini (MDB), também abordou as críticas que recebeu nas redes sociais e, fez a defesa de sua trajetória com três décadas de vida pública. “Não me calo e também não tenho direito de ser inocente”, reagiu, ao acusar ação coordenada do que classificou como “milícias digitais” que, segundo apurou, têm muitos participantes com origem em outros estados, como Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. “Claro que se trata de militância mobilizada”, avaliou. “Seria cômodo me dobrar à pressão de grupos de interesses nas redes sociais e jogar para a torcida”, disse o parlamentar. “Não me desviei do devido processo legal”.
Liderança
O deputado estadual José Milton Scheffer (Progressistas) anunciou ontem, que não será mais o líder do Governo do Estado na Assembleia Legislativa. Já algumas movimentações indicam que o deputado Ivan Naatz (PL), pode estar se cacifando para assumir a liderança de Daniela Reinehr (sem partido) no parlamento. Deputados relataram que Naatz procurou os líderes, pedindo o apoio das bancadas à governadora interina.
Vacinas
O prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro (DEM), foi eleito presidente do Consórcio Nacional de Vacinas das Cidades Brasileiras (Conectar). Junto com o prefeito da capital catarinense, outros 17 compõem a diretoria da autarquia que tem a missão de auxiliar municípios na vacinação, compra de medicamentos e estratégias de saúde pós-covid. Ao todo, 2,6 mil municípios brasileiros estão envolvidos no consórcio, sendo 25 capitais. Loureiro se reuniu com diplomatas da embaixada americana em Brasília. O assunto foi as doses da vacina Astrazeneca que ainda aguardam a aprovação da FDA para uso em território americano, porém, estão próximas da data de vencimento. O consórcio tenta obter doações ou até negociar.
Antídio se movimenta
O prefeito de Jaraguá do Sul, Antídio Lunelli (MDB), iniciou sua peregrinação pelo estado. Ele concorre nas prévias do partido e busca nos prefeitos emedebistas o apoio para conseguir ser o candidato do partido a governador. Ontem esteve com os prefeitos Volnei Morastoni, de Itajaí; Emerson Stein, de Porto Belo; Ari Vequi, de Brusque; Tiago Dalsasso, de Nova Trento; e Pedro Ramos, o Pedroca, de São João Batista. Reeleito prefeito de Jaraguá do Sul com mais de 70% dos votos, Lunelli terá um longo caminho pela frente, afinal, são 97 prefeitos para visitar e quase mil vereadores, além dos nove deputados estaduais, ex-governadores e a ala mais antiga do partido.
Dário não é concorrente
O prefeito de Jaraguá do Sul, Antídio Lunelli (MDB), disse que conta com apoio da maioria dos prefeitos e, que não enxerga o senador Dário Berger como um concorrente, mas sim como um líder emedebista que tem todo direito de disputar uma vaga para ser candidato a governador em 2022.
Quer ser ouvido
O deputado estadual João Amin (Progressistas) divulgou, ontem, carta aberta aos membros de seu partido em que defende uma decisão coletiva em torno da participação do Progressistas no governo de Daniela Reinehr (sem partido). O parlamentar espera que, ao contrário da decisão de participação no governo de Carlos Moisés da Silva (PSL), que diferentes esferas do partido sejam ouvidas. “Questiono, qual será a posição do nosso partido? Vai continuar ocupando espaços na liderança do governo, na Secretaria de Estado da Agricultura e em outras funções? Ou vai sair como alguns integrantes já anunciaram? Independente da postura a ser tomada, acredito que o fundamental é oportunizar aos progressistas uma decisão coletiva”, diz um trecho da carta.
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