Na medida em que envelhecemos, ou melhor, ficamos mais experientes, alguns filmes ditos como lançamentos vimos como cópias de outros que já assistimos, e não pensem que é “déjà vu”.

Relato hoje o que vivenciei no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina na construção do modelo de associativismo municipalista que, aliás, sou particularmente defensora, entusiasta e colaboradora, com o intuito de alertar os gestores municipais para a importância da representatividade política e institucional na defesa dos interesses das comunidades e, também, para o perigo de enfraquecimento deste modelo por influências político-partidárias.

Em meados dos anos 70 foi criada a Famurs – Federação dos Municípios do Rio Grande do Sul por iniciativa de municipalistas e representantes de associações regionais. No início dos anos 90, no governo de Alceu Collares (PDT), disputas políticas causaram desgastes à entidade. Espaços abertos acabaram sendo ocupados por outras entidades e pela iniciativa privada. Surgiu a Associação Gaúcha de Municípios (AGM), em 93, e empresas de consultoria nas áreas jurídicas e públicas, com foco em direito orçamentário e financeiro, constitucional, administrativo, ambiental, eleitoral, previdenciário, trabalhista, tributário e urbanístico se consolidaram.

O modelo de associativismo em Santa Catarina chegou mais forte ainda. Desde o início dos anos 60 vinham sendo criadas associações de municípios até que, em 1980, foi criada a Federação Catarinense dos Municípios com o empenho do ex-prefeito de Chapecó e primeiro presidente da entidade, Milton Sander, falecido no final de 2018.  A Fecam se consagrou como uma das mais fortes e representativas entidades estaduais, com equipes técnicas qualificadas para o assessoramento e prestação de serviços especializados em áreas importantes para a boa gestão nos 295 municípios. Modelo para o país.

Há cerca de três anos, mudanças significativas vêm sendo feitas na entidade e, nesta semana, recebi com apreensão, notícias de novas diretrizes organizacionais com e extinção de serviços e equipes técnicas. Aliás, temos hoje 21 associações de municípios e, em algumas, também se faz necessário um olhar mais atendo de seus associados. Não creio que estas mudanças servirão de fato e unicamente para melhorar o atendimento e a representação de nossos municípios. O tempo dirá.