“O sonho catarinense”. Este foi o cerne da última coluna aqui no SC em Pauta, em que abordei a importância da afluência social (em resumo: se tiver oportunidade e trabalhar vai subir na vida) para que o mundo saia da atual crise ‘pandêmico-econômica’ e destaquei que Santa Catarina, ao longo da sua história e das últimas décadas, construiu uma das mais bem-sucedidas e interessantes experiências de desenvolvimento autóctone do planeta. Por ‘autóctone’ quero dizer que nosso desenvolvimento foi original, construído dentro de nossas divisas, por imigrantes de diversas etnias, numa experiência social ímpar, não só no país, mas também no mundo.
De qualquer maneira, o sonho dos imigrantes se realizou, no mais belo estado do Brasil. Este sonho, no entanto, precisa ser renovado – até porque a realidade catarinense já ultrapassou em muito o próprio sonho. Precisamos, então, sonhar um novo sonho. Mas qual seria ele? Para sonhar um novo sonho é preciso lembrar de como o antigo sonho foi construído. E é essa construção tão importante para os nossos destinos que vamos começar a contar e que servirá como alicerce para um “plano de vida” que pretendo traçar para a SC dos próximos anos.
Em primeiro lugar, lembro que é esse “jeito catarinense de fazer” que permitiu-nos sair disparadamente em primeiro lugar entre os estados brasileiros da histórica recessão de 2016/17, fato que foi destaque na imprensa nacional. A revista Exame, por exemplo, lamentou que “o Brasil não é Santa Catarina”, porque se fosse, o país teria vencido a recessão muito mais rapidamente.
Santa Catarina é assim porque aprendeu a andar com suas próprias pernas. Pernas e braços começaram a chegar a partir do século 18 de várias partes do mundo, dos Açores, de Portugal, da Itália, da Alemanha, da Grécia, e até de Luxemburgo – e assim colonizaram Santa Catarina até os meados século 20. Porém, após da Segunda Guerra Mundial, o Estado sofre de um mal crônico que, aliás, nos acompanha até hoje: o abandono por parte do Governo Federal – muito por sua pouca influência política no centro do poder – e falta de infraestrutura. Energia escassa, poucos recursos financeiros e um incipiente sistema portuário e rodoviário fazem a economia catarinense patinar entre 1945 e 1960.