Cultura do estupro: É preciso combater e educar
Hoje não é dia da minha coluna, mas como não aproveitar o espaço aqui no SC em Pauta para expressar a minha indignação que se soma a de milhares de pessoas, em especial de mulheres. Falo do julgamento do empresário André de Camargo Aranha, acusado de estupro da jovem promoter catarinense Mariana Ferrer, de 23 anos, em dezembro de 2018. Mesmo que somente parte das imagens da audiência tenham sido divulgadas pelo The Intercept Brasil, o que vimos e ouvimos é lastimável.
Não quero e nem posso falar em culpa do empresário. Aliás, o juiz o absolveu por falta de provas. Porém, as imagens divulgadas causam revolta quanto a argumentação utilizada pela defesa do empresário e pela tentativa de desqualificação e culpabilidade à suposta vítima. Também, é bom que se esclareça, não há na sentença o termo que se propagou pelo país de “estupro culposo” que, aliás, não existe. O que houve foi uma interpretação do promotor.
Se é que é possível um fato positivo de tudo isto, é bom vermos o caloroso debate sobre a cultura do estupro. Em várias oportunidades, como em recente SC em Debate, falei sobre o tema. O Brasil está entre os países com mais casos de estupro e nosso estado encontra-se entre os dez com mais registros. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2020 a cada duas horas e treze minutos uma pessoa é violentada sexualmente em alguma cidade catarinense. Temos que considerar, ainda, que muitos casos nem sequer são registrados. Notícias como estas podem desencorajar ainda mais as vítimas na busca de justiça.
Como mudar esta triste realidade? Educação na família e no ambiente escolar. Pais que eduquem com base na igualdade de gênero e escolas que se comprometam com ensinamentos sobre ética, respeito e empatia.
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