O SCemPauta teve acesso ao depoimento do controlador geral do Estado, Luiz Felipe Ferreira, ao Gaeco. Ele disse que o setor chegou a trabalhar de forma mais efetiva a partir da segunda quinzena de março e, a primeira semana de abril.

Ferreira relatou ter achado estranho, que diante da necessidade de controle e transparência, que mesmo assim, a CGE não esteve presente nos processos mais decisivos, se referindo as aquisições feitas pelo Governo do Estado. Ele disse ainda que não entendeu se toda a pressa nos processos de aquisições era por causa do período, ou para evitar o processo de controle. “É difícil imaginar que um órgão de controle que de fato, possa vir trazer soluções, principalmente nas questões relacionadas as compras, fique excluído de uma rotina de tomada de decisão tão grande”, destacou.

Quando questionado se sabia da compra de EPis, ao valor de R$ 70 milhões, Ferreira relatou que tomou conhecimento através de uma ligação do então secretário de Estado da Casa Civil, Douglas Borba, isso ocorreu segundo ele, na quinta-feira de Páscoa, entre 09h e 10h, quando estava saindo da casa de seus pais.

Borba pediu para que ele fosse até Defesa Civil para resolver um problema que, no caso, era a contratação da empresa para aquisição dos EPIs. Isso pode ser visto no vídeo a partir dos 2 minutos e 54 segundos, quando Ferreira destaca que Borba queria uma resposta imediata.

Seguindo o depoimento, o controlador disse que notou no processo fragilidades, como deficiência nas justificativas e havia indício de compra além da necessidade. “Essa compra era de responsabilidade da Saúde”, afirmou.

O controlador também acusa Borba de ter imposto a situação a ele e, explicou que não questionou as irregularidades e fragilidades do processo. Os delegados perguntaram quais pontos fracos foram identificados no contrato e, Ferreira relatou que estava direcionado para um único fornecedor, além da falta de justificativa legal e depois de uma análise mais minuciosa, foi constatado o sobrepreço. “Não haveria justificativa de fazer um processo de importação, se tinha um chamamento público aberto, com possibilidade de comprar no mercado nacional a um preço muito melhor”, disse.

Durante o depoimento, Ferreira deixa claro que sofreu pressão de Borba para que o processo andasse, inclusive, com a presença do então secretário de Estado da Saúde, Helton Zeferino, que posteriormente confidenciou ao próprio controlador, que não concordava com a forma que estava sendo feita a contratação.

A partir dos 29 minutos e 29 segundos do vídeo, Ferreira também roda alguns áudios de uma servidora, em que ela diz ter achado estranha a proposta. Ela também cita o nome de Douglas Borba.

A partir dos 36 minutos o controlador fala do processo de compra dos respiradores e, mais uma vez aparece o nome de Borba.

Assista:

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https://youtu.be/dCp_7Upu-vk