Os trabalhos da CPI na Assembleia Legislativa iniciam amanhã, no auditório Antonieta de Barros, a partir das 17h. Na primeira reunião os nove parlamentares que integram a comissão, devem discutir e aprovar o roteiro geral dos trabalhos que devem acontecer, inicialmente, todas as terças e quintas-feiras, além de diversos requerimentos de convocação para depoimentos de pessoas envolvidas com o caso em investigação.

O relator da CPI, o deputado estadual, Ivan Naatz (PL), antecipou que pretende convocar para prestar depoimento, já para a reunião desta quinta-feira (14), o gerente de Orçamento e Custos da Secretaria de Estado da Saúde, José Hipólito da Silva. Além dele, também serão convocados o ex-secretário Municipal de Saúde de Biguaçu, o advogado Leandro Adriano de Barros; o secretário adjunto de Estado da Casa Civil, Mateus Hoffmann; o chefe da Defesa Civil do Estado, Coronel João Batista Cordeiro Júnior e, a advogada da Biguaçu, Mariana Rabello Petry.

O objetivo é averiguar o sistema de funcionamento de licitação e compras da Secretaria de Estado da Saúde e, as ligações que teriam com o agora ex-secretário da Casa Civil, Douglas Borba, citado nas investigações.

Naatz também confirmou ao SCemPauta, que vai apresentar um requerimento, ainda hoje, solicitando ao Ministério Público do Estado e ao Tribunal de Contas, o compartilhamento das informações obtidas nas investigações, incluindo cópia do inquérito que resultou nos mandados de busca e apreensão, além das informações já obtidas pela Polícia Civil. “O objetivo é reforçar o trabalho em cooperação, para que os poderes tenham um melhor e mais rápido resultado no esclarecimento do caso”, disse o deputado.

Além de criticar os setores de controle interno do Governo do Estado, os quais, falharam no caso da compra dos 200 respiradores junto a empresa Veigamed do Rio de Janeiro, Ivan Naatz também destaca que é preciso encontrar o responsável direto pelo pagamento antecipado, para chegar aos demais envolvidos no caso.

Oxigênio: Algumas ramificações

Na operação Oxigênio realizada no sábado para apurar fraudes na compra de 200 respiradores pelo Governo do Estado, junto a empresa Veigamed, da cidade de Nilópolis, no Rio de Janeiro, a Polícia Civil apreendeu R$ 300 mil em um imóvel que pertence a um político do Democratas. Davi Perini Vermelho, o Didê (DEM), que preside a Câmara de Vereadores de São João de Meriti, cidade que fica ao lado de Nilópolis, onde tem a sede da empresa investigada, teve o valor apreendido em seu apartamento localizado na Avenida Vereador Alceu de Carvalho. No local também tinham máscaras N-95 e, máscaras de oxigênio. Em Cuiabá no Mato Grosso, a suspeita é que no local era feita a lavagem dos R$ 33 milhões que foram pagos antecipadamente pelo governo catarinense.

PF nas investigações

Não está descartado que a Polícia Federal entre nas investigações da Operação Oxigênio. A força-tarefa formada pelo Ministério Público, Tribunal de Contas e Polícia Civil, está realizando um competente trabalho de investigação, porém, quando Sérgio Moro ainda era ministro da Justiça, determinou que todos os casos suspeitos envolvendo dinheiro para o combate ao Coronavírus, sejam considerados recursos federais.

Habeas corpus

Uma fonte relatou que o ex-secretário de Estado da Casa Civil, Douglas Borba, teria entrado com um pedido de habeas corpus preventivo. A ideia é evitar uma prisão, caso seja emitido algum mandado contra ele.

Zeferino recorre

O ex-secretário de Estado da Saúde, Helton Zeferino, através de seu advogado, Noel Baratieri, entrará hoje com um recurso no Tribunal de Justiça para suspender o bloqueio de bens determinado pela juíza Ana Luísa Ramos. O bloqueio é de no máximo, R$ 32,5 milhões em bens. A alegação é que Zeferino apenas cumpriu ordens ao assinar a dispensa de licitação.

Corregedoria

Chamou a atenção para o fato de que a corregedoria dos Bombeiros Militares, acompanhou a Operação Oxigênio realizada no sábado.

Desafios de Amândio

O novo secretário de Estado da Casa Civil, Amândio da Silva Júnior, terá muito trabalho já desde o início. Hoje ele assume o cargo e terá que se dividir entre o apoio à equipe que trabalha diariamente na Defesa Civil e, os enfrentamentos que o Governo do Estado terá na Assembleia Legislativa, com uma CPI e um processo de impeachment que será protocolado amanhã, durante a sessão em plenário. O fato é que não será fácil o trabalho de salvar o governador Carlos Moisés da Silva (PSL), no mínimo, de uma grande derrota moral, sem falar na possibilidade real de perder o mandato. Os deputados desconfiam do governo, poucos ainda se arriscam a defender e ninguém quer deixar as digitais numa eventual salvação de um governador, que terá que provar que não sabia da atuação de uma suposta organização criminosa em seu núcleo.

Falta de diálogo

O governador Carlos Moisés da Silva (PSL), se descobriu nu, ou seja, o “rei está nu” em Santa Catarina. O conto dinamarquês inspirado na obra espanhola “Libro de los ejemplos”, se encaixa perfeitamente à realidade catarinense. Um falso alfaiate enganou um rei soberbo dizendo que criaria uma roupa para ele, que somente os inteligentes poderiam ver. Querendo acreditar na fantasia de que era inteligente, portanto, capaz de comandar o seu reino, ele fingiu que via a roupa e saiu pelas ruas desfilando nu, enquanto que as pessoas com medo ou constrangidas, fingiam que viam a vestimenta. Quem já leu, sabe que o rei acabou sendo chamado à realidade, quando uma criança gritou que ele estava nu. A partir daí, as pessoas criaram coragem para admitir que também não viam a roupa.

Inspirado na literatura

Disseram ao governador Carlos Moisés da Silva (PSL), que somente os inteligentes poderiam reconhecer as ações de seu governo da tal “nova política”. Um governo totalmente honesto, mas que está sob suspeita; técnico, não tanto assim, com tantas falhas amadoras no processo de combate ao Coronavírus, sem falar em outras áreas. Além disso, o discurso de que não negocia, não loteia cargos, ora bolas, e as inúmeras ofertas de liberação de emendas e de abertura para que os secretários recebam os prefeitos e vereadores indicados pelos deputados, porém, somente aos que lhe apoiarem. Se isso não é negociação e, nem toma lá dá cá, já não sei mais o que é. O fato é que a imprensa foi a criança do conto: gritou, apontou que o rei estava nu, fazendo com que até mesmo quem bajulava repetindo o que era dito por Moisés, fingindo não enxergar as fragilidades de seu governo, passasse a notar de forma clara, que o governo catarinense está nu, o que na prática significa que nunca foi o que tentaram vender como realidade.

Hoffman não fica

Fontes garantem que o secretário adjunto de Estado da Casa Civil, Matheus Hoffmann, deve deixar o cargo ainda nesta semana. O novo secretário de Estado da Casa Civil, Amândio da Silva Júnior, escolherá um nome de sua confiança. Hoffmann é sócio de Douglas Borba em um escritório de advocacia em Biguaçu, homem de total confiança do ex-secretário.

Chapecó recebe recomendação

A Secretaria de Estado da Saúde recomendou o reforço nos cuidados de prevenção ao contágio do novo Coronavírus, a todos os municípios da Região Oeste, além do fechamento do comércio não essencial em Chapecó por 14 dias. A orientação tem base no momento epidemiológico da região, que é a que mais registrou novos casos nos últimos dias. Com a confirmação de 45 novos casos nas últimas 24 horas, Chapecó chegou aos 286 pacientes confirmados. A cidade só tem menos casos que Florianópolis (387) e Blumenau (296). Nesta semana, o Governo do Estado também já havia recomendado a adoção de medidas semelhantes na região do Alto Uruguai.

Emedebistas se reúnem

Hoje às 16h a executiva estadual do MDB se reúne na sede do partido na capital. A pauta principal é a crise no Governo do Estado após a Operação Oxigênio. Os emedebistas querem discutir o posicionamento do partido. A bancada na Assembleia Legislativa deve se reunir mais cedo, para discutir a mesma pauta neste início de CPI , mas também a respeito do pedido de impeachment que será protocolado pelo deputado estadual, Maurício Eskudlark (PSD) nesta semana.

Daniela vai à justiça

A vice-governadora Daniela Reinehr (sem partido), deve ir à justiça para forçar a resposta aos questionamentos que fez. Segundo uma fonte, Daniela quer ter acesso a todas as compras feitas pelo Governo do Estado durante o período da pandemia. Além disso, ela havia pedido também o cancelamento dos contratos com agência de publicidade e, pediu aos órgãos de controle que verifiquem todos os contratos firmados pelo governo. A fonte me disse ainda, que a ordem na Casa D’Agronômica aos secretários de Estado, é que não respondam aos questionamentos feitos por Daniela.

Vídeo

A vice-governadora Daniela Reinehr (sem partido), gravou um vídeo no final de semana. Ela começa com um tom de alarme, como se fosse fazer algum anúncio que abalaria mais ainda o já enfraquecido governo de Carlos Moisés da Silva (PSL). Acontece que mais uma vez Daniela lembra que pediu para ser ouvida, pois queria colaborar, mas que não lhe foi dada a devida atenção. Além disso, afirmou que o governo precisa de comando. O cenário e a forma como falou, é um sinal de que Daniela está atenta às dificuldades do atual governo de se colocar de pé.