Os governadores não admitirão publicamente, mas o fato é que a partir de agora, isolarão o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), das discussões sobre o combate ao Coronavírus. Segundo uma fonte, não é uma decisão Ad Aeternum, mas ficou claro que enquanto não houver um gesto ao entendimento de parte do Palácio do Planalto, que o diálogo está prejudicado.
Eles conversaram ontem à tarde por videoconferência, após a discussão entre Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Dória (PSDB). Ao todo, 26 governadores participaram da conversa com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM). Já Ibaneis Rocha (MDB) do Distrito Federal, foi a ausência. Ele não justificou, mas é dito nos bastidores que evitou participar, por não querer se posicionar neste momento.
Durante a conversa, os governadores decidiram que não seguirão o desejo de Bolsonaro, que pede para que seja retomada a rotina normal da sociedade e, que apenas as orientações da Organização Mundial da Saúde serão atendidas, portanto, pelo menos a maioria deve seguir o isolamento social.
Um ponto que ficou claro, é que a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio Mello, que de forma liminar decidiu que os governadores e prefeitos têm autonomia para determinar as restrições de circulação nos Estados e municípios, deu mais força aos líderes estaduais, que antes de tomar as decisões sobre os protocolos e quarentenas, discutirão entre si.
O fato é que Rodrigo Maia assumiu o papel que Bolsonaro poderia estar ocupando, de liderança no atual momento de crise. Tanto é verdade, que foi ao deputado que os governadores pediram apoio na liberação de crédito para as micro, pequenas e médias empresas, além da redução da meta do superávit fiscal, para a aplicação deste recurso na Saúde. “Os governadores viram no Maia uma figura que ocupa o vácuo deixado pelo presidente”, disse a fonte.
O governador Carlos Moisés da Silva (PSL) participou de boa parte da reunião virtual, porém, teve que se retirar da conversa por causa de compromissos sobre a situação do Coronavírus em Santa Catarina. Mas a conclusão que dá para tirar do dia de ontem, é que Bolsonaro sai mais isolado, sem um bom diálogo com governadores, judiciário e com o Congresso Nacional.
Vidas
Em clara crítica ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), o governador Carlos Moisés da Silva (PSL), durante a coletiva de ontem, afirmou que não serão priorizadas vidas aqui em Santa Catarina em detrimento das outras. Ele se referiu aos grupos de risco, sobretudo aos idosos, os quais, segundo Moisés, merecem todo o nosso cuidado. Moisés ainda informou que estão sendo estudadas medidas para a retomada da atividade econômica.
Reage SC
Inúmeras entidades do setor produtivo enviaram ontem uma carta ao governador, Carlos Moisés da Silva (PSL). Em nome do movimento “Reage SC”, o setor empresarial criticou a forma como está sendo discutida a questão do combate ao Coronavírus, definindo como simplista os argumentos de que basta as pessoas ficarem em casa, além de que salvar vidas é mais importante que a economia. “Isto desconsidera o enorme impacto humanitário e social de uma recessão econômica profunda, que afeta principalmente os segmentos mais vulneráveis da população”, destaca a carta, que sugere ações para a retomada da produtividade.
Clique para ler: Ofício REAGE_SC – Governador Carlos Moises – superar a crise.pdf.pdf
Pacote aprovado na Alesc
A Assembleia Legislativa realizou ontem mais uma sessão virtual, quando votou alguns projetos de auxílio à população e empresas, para reduzir os impactos da crise provocada pela Pandemia do Coronavírus. Antes do início dos trabalhos, a líder do governo Ana Paula da Silva, a Paulinha (PDT), pediu para que não fosse votado nenhum projeto, para aguardar uma reunião que ela teria com o secretário de Estado da Fazenda, Paulo Eli, para discutir os impactos fiscais. Os demais parlamentares disseram entender que a pedetista tem o papel de defender o Governo, mas que as propostas defendem a sociedade num momento de grande incerteza, por isso, a necessidade de aprovação. Um deputado na condição de anonimato, disse que há um acordo na Alesc que todos os projetos de origem legislativa, só vão para a pauta se for por consenso, além disso, todos que votarem a favor, caso aprovado, passam a subscrever a autoria da proposta.
Paulinha critica
Procurada para explicar o motivo de ter buscado a suspensão da votação de ontem, a líder do Governo na Assembleia Legislativa, Ana Paula da Silva, a Paulinha (PDT), explicou que não está questionando a constitucionalidade dos projetos, mas, sim, a aplicabilidade e efetividade da lei. “Ainda que eu considere positiva a iniciativa do parlamento em contribuir, medidas de incentivo fiscal merecem pelo menos a oitiva da Secretaria de Fazenda, para avaliarmos as condições de execução pelo Estado. E o PL ficou pronto para votação no curso da sessão, não tivemos tempo nem mesmo de melhorar a redação. Que dirá analisar. No geral, está de parabéns o parlamento pelas iniciativas, mas aprovar projetos inaplicáveis, só pra mostrar que estamos fazendo alguma coisa, não combina comigo”, critica Paulinha.