O apelido dado a José Augusto Alves de “Zé Mentira”, parece não adequado dada a sua influência mostrada pela investigação da Operação Chabu, principalmente junto ao delegado da Polícia Federal, Fernando Caieron, que também foi preso no dia em que a operação foi deflagrada e solto no dia 19 de junho.

Segundo o relatório da PF ao qual o SCemPauta teve acesso, se não há uma sociedade formal entre Zé Augusto e Caieron, há pelo menos uma relação informal, já que o delegado exercia o papel de intermediador das tratativas comerciais de Zé Augusto, se aproveitando do poder que o cargo lhe dava.

Em seu depoimento, Zé Augusto relatou que mesmo sendo citado por Caieron como sócio em uma das conversas interceptadas, oficialmente não há nada entre eles, mas, admitiu que o delegado intermediou o seu contato com algumas pessoas que poderiam se interessar pelos produtos oferecidos pela empresa Suntech, a qual representava.

Uma das pessoas identificadas pela investigação que teve contato com Zé Augusto intermediado por Caieron, é um homem identificado como Benny Peter Dutra Dorneles, o qual segundo a PF é supostamente ligado a Associação dos Delegados da Polícia Federal do Rio Grande do Sul, que se mostrou interessado em representar a Suntech no estado vizinho. “A ideia de Benny era obter alguns folders do produto da Suntech, para apresentá-lo a órgãos de segurança pública do Rio Grande do Sul”, diz o relatório.

Conforme a PF, Zé Augusto e Caieron atuaram em diversas transações junto a prefeituras e demais órgãos públicos no estado. Mesmo não especificando quais os órgãos, o relatório afirma que há um vasto acervo que comprova as ações empresariais da dupla. Em uma das conversas, o delegado fala com o também investigado, Luciano Teixeira:

 

Caieron: Buenas

 

Caieron: Pode falar?

 

Teixeira: Sim

 

Teixeira: Boas notícias!!

 

Teixeira: Acabei de receber notícias

 

Teixeira envia um print de uma conversa

 

Caieron: Não podia ser em melhor hora

 

Teixeira: Eu que o diga…Ainda tenho que vender no mínimo o dobro.

 

Caieron: Faremos isso!

 

Também segundo o relatório da Polícia Federal, a atuação do delegado Fernando Caieron em atividades comerciais com Zé Augusto, se destaca quando ele se mostra interessado em intermediar a venda de sistemas junto ao Ministério Público do Rio Grande do Sul, onde se refere como “nosso processo”.

Em conversa com Benny Peter em 20 de fevereiro do ano passado, Caieron mostra o seu interesse em especial aos órgãos públicos, principalmente prefeituras e até na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC).

 

Benny: (Áudio) – Fia! Pedro marcou comigo quinta-feira, 14h30! Vou direto lá!

 

Caieron: (Áudio) – Benny, outra coisa, o final de semana tu vai tá em Porto Alegre? Assim, ó: O…troço com a Nexxera aqui em Santa Catarina tá andando bem. E aquele amigo meu lá, O MEU SÓCIO ZÉ, ele tá indo pra Porto Alegre, ele vai até ali no Velopark sábado o dia inteiro. Ele precisava conversar contigo pessoalmente. Tu vai tá por aí?

 

Benny: O Zé aí de Floripa? Claro que eu vou tá aqui sim! Posso dar um pulo lá para falar com ele.

 

Benny: Inclusive já conversei com Dandrea, Lacorte e vários aqui, que tem os contatos para facilitar nossa entrada na prefeitura, em tudo, na na na PUC…falei com o Marcelo Peruquinha, eles acharam bem interessante.

 

Caieron: Ele vai estar aih

 

Caieron: Te espera sábado

 

A Polícia Federal acredita que Zé Augusto e Fernando Caieron, por intermédio de Benny Peter, também se relacionaram com lideranças políticas do Rio Grande do Sul, porém, não há no relatório a menção de nomes.

Questionado pela PF sobre qual maquinário seria vendido ao Ministério Público do Rio Grande do Sul, Peter relatou que Caieron comentou com ele que havia um software israelense que seria vendido para empresas de segurança e, que inclusive, o MP de Santa Catarina o estaria adquirindo. Ao ser perguntado sobre qual produto ou serviço Caieron estaria intermediando, disse que o delegado solicitou que ele intermediasse uma reunião entre o MP gaúcho e os representantes da empresa israelense.

 

Benesses dada por Caieron

 Em uma reunião entre Zé Augusto com uma pessoa citada em uma conversa como Martini, o que seria segundo as investigações, o então secretário de Estado da Administração, Milton Martini, Zé ao sair do encontro do qual comemora uma suposta garantia do então secretário, de aprovar a compra do Webint junto ao Grupo Gestor já na reunião seguinte, ele envia a seguinte mensagem para Luciano Teixeira também investigado:

Zé Augusto: ….Ali armado, né? Eu fui armado com ele…Levei o Caieron junto! (risos) Aí sabe que a coisa flui melhor, né, ô?

Além disso, em uma das conversas interceptadas, ele fala que tem passe livre ao estacionamento da Polícia Federal a uma liderança, se oferecendo para ser o “motorista” para facilitar o acesso.

 

CPI da Chabu

O vereador de Florianópolis, Afrânio Boppré (PSOL), me ligou para informar que após os novos vazamentos de relatórios da Operação Chabu, que começará a recolher assinaturas para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar os fatos, já que autoridades locais estão sendo citadas.

 

Emendas impositivas

Uma Proposta de Emenda à Constituição Estadual em tramitação na Assembleia Legislativa, pode acabar de vez com a barganha feita pelo governador, Carlos Moisés da Silva (PSL), em jantares na Casa D’Agronômica. A partir de agora o cardápio que o governador tem prometido servir a deputados que lhe apoiarem em projetos de seu interesse, que é a liberação de emendas, será servido pela lei que garantirá o recurso aos parlamentares. O fato é que a PEC vai garantir o cumprimento do que já é lei, que é configurar como crime de responsabilidade do governador, o não cumprimento da liberação das emendas impositivas incluídas no orçamento do Estado.

 

Regulamentação

 Dos 40 deputados cerca de 35 já assinaram a PEC que prevê que a regulamentação das emendas anuais, ou será através da Lei de Diretrizes Orçamentárias, ou se o Governo não incluir na LDO, que caberá a Assembleia Legislativa regulamentar. Vale lembrar que a questão das emendas que está artigo 120 da Constituição Estadual, necessitava de uma Lei Complementar para a regulamentação, porém, nem os governadores Raimundo Colombo (PSD) e Eduardo Pinho Moreira (MDB), nem Carlos Moisés da Silva (PSL) não enviaram ao parlamento.

 

Pressão

A tendência é que a PEC das Emendas Impositivas seja aprovada por unanimidade pela Assembleia Legislativa. Prefeitos e vereadores querem a garantia de que as prometidas emendas chegarão aos municípios, ainda mais em ano pré-eleitoral, quando as lideranças desejam entregar ações à população pensando na reeleição, ou na sucessão.

 

Moisés em Blumenau

Chamou a atenção o convite da Associação Empresarial de Blumenau, que divulgou o convite para a visita do governador, Carlos Moisés da Silva (PSL), que acontece hoje. No texto, consta que a ida do governador é resultado de uma articulação do deputado estadual, Ricardo Alba (PSL), que é pré-candidato a prefeito. Resta saber se pode ser considerado o apoio da ACIB ao pesselista. Deputados como Laércio Schuster (PSB), Ivan Naatz (PV) e Ismael dos Santos (PSD) ficaram de fora do convite.

 

Cisão no MDB

Enquanto há deputados estaduais do MDB interessados em aderir a base do governador, Carlos Moisés da Silva (PSL), outros querem se manter independentes para votar como entender melhor, seja a favor, ou contra os interesses do governo. Uma fonte relatou que o assunto deve ser levado ao deputado, Celso Maldaner, presidente estadual do partido que não concorda com a adesão ao governo.

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