Os bastidores da reunião dos prefeitos com Moisés; Governador mostra fraqueza; Lideranças se arrependem de filiação ao PSL; Vice-Governadora some durante a crise entre outros destaques
O governador Carlos Moisés da Silva (PSL) demonstrou insegurança, ao voltar atrás em sua decisão de não dar seguimento ao anúncio de reabertura das atividades econômicas. A questão a qual levanto neste espaço não é sobre abrir para salvar o setor produtivo, ou manter a quarentena para baixar a curva de contaminação do vírus, mas, sim, a postura que deve ter um governante.
Ficou evidente que o anúncio da semana passada foi no afã de agradar ao setor produtivo, porém, sem o mínimo planejamento. Moisés sabia alertado pela equipe técnica de governo, que os materiais prometidos pelo Governo Federal e até mesmo os adquiridos pelo Estado, poderiam demorar a chegar, mesmo assim, foi feito o anúncio, que foi seguido de falas de que a chance de um recuo seria zero.
Porém, foi justamente culpando Brasília, que ontem ele confirmou a sua decisão de prorrogar o decreto de quarentena por mais sete dias a partir da próxima quarta-feira. Acrescentou que nem mesmo os recursos prometidos haviam chegado, só que não contava com o desmentido feito pelo senador, Jorginho Mello (PL), que falou ao SCemPauta acusando Moisés de ter faltado com a verdade, pois, segundo ele, já foi depositado no dia 16 deste mês o valor de R$ 14,53 milhões.
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Moisés estava indo bem, demonstrando firmeza em suas decisões, mas foi engolido pela inexperiência e insegurança, características que um governador não pode ter. Para piorar, segue com uma postura isolacionista, querendo tomar as rédeas de uma situação da qual ainda não tem musculatura para enfrentar.
Conforme venho cobrando, falta chamar os demais poderes para discutir e receber sugestões, não somente para comunicar as decisões já tomadas. Sai arranhado deixando a impressão de que falta um líder para esse momento tão difícil.
Insatisfação dos prefeitos
Alguns prefeitos que participaram da videoconferência com o governador Carlos Moisés da Silva (PSL), ontem de manhã, conversaram após o encontro por telefone. Eles estão insatisfeitos com o tratamento recebido do Governo do Estado. Alguns prefeitos reclamaram que Moisés, primeiro decidiu fechado com a sua equipe a edição dos decretos e, que somente os chamou para assumir junto o desgaste do recuo. “Ele fez os decretos somente nos informando depois. Disse que iria abrir, depois mudou de ideia e agora que iria editar, nos chamou para levar o pecado junto”, disse um prefeito de uma das grandes cidades. O certo é que o cenário é muito ruim para Moisés junto a boa parte dos prefeitos, que reclamam da falta de diálogo.
Repasse de recursos
Os prefeitos também cobraram durante a videoconferência com o governador, Carlos Moisés da Silva (PSL), o repasse de recursos para ajudar no custeio da área da Saúde, já que os municípios se preparam para o enfrentamento ao Coronavírus. Ainda na quinta-feira passada, foi apresentado o mesmo pedido ao secretário de Estado da Fazenda, Paulo Eli, que respondeu que não têm condições neste momento, mas que aguarda o repasse do Governo Federal para ter dinheiro em caixa. Uma das reclamações dos prefeitos, é que nem o percentual do duodécimo adiantado pelos poderes ao Executivo, chegaram aos cofres dos municípios. Do total de R$ 58 milhões, seguindo o critério do ICMS teria que ser destinado 25% para ser repartido entre as prefeituras. Até o momento, nenhuma palavra de Moisés a respeito do assunto.
Cobrança
Os prefeitos também aguardam uma resposta do Governo do Estado a respeito da pauta entregue pela Federação Catarinense de Municípios (Fecam). Até o momento, não houve resposta. Além disso, eles cobraram de Carlos Moisés da Silva (PSL) que haja mais diálogo com os municípios, incluindo o secretário de Estado da Saúde, Helton Zeferino. Prefeitos reclamam que o Estado quer intervir e colocar pessoas de fora dos municípios com Coronavírus, para serem atendidas nas grandes cidades.
Demais poderes
Conforme relatado ontem pelo SCemPauta, o governador Carlos Moisés da Silva (PSL) sofre com a desconfiança dos demais poderes. Ontem a pedido do próprio Moisés, a reunião que deveria ter sido online, acabou sendo presencial. Os chefes dos demais poderes exigiram que fosse assim, sem a presença de assessores. Eles não confiam nas intenções de Moisés, temiam que a exemplo do anúncio do primeiro decreto, que ele os usasse para simplesmente chancelar uma decisão que já havia sido tomada a portas fechadas na Casa D’Agronômica. Para ter uma ideia, sugestões foram apresentadas, porém, Moisés simplesmente não levou em conta.
Desgaste de Paulinha
A líder do governo na Assembleia Legislativa, Ana Paula da Silva, a Paulinha (PDT), tem sofrido um grande desgaste junto aos seus colegas de parlamento. O áudio de Maurício Eskudlark (PL) fazendo uma forte cobrança, além do puxão de orelhas do presidente Júlio Garcia (PSD) a chamando de pouco informada, mostra que Paulinha pode estar falhando na interlocução com o parlamento. Resta a ela perceber onde está o erro.
Milton
No dia dos áudios vazados, sobrou até para o deputado estadual, Milton Hobus (PSD), que chamou o governador Carlos Moisés da Silva (PSL) de idiota. Hobus me disse que nunca usaria o termo em público, pois não passou, segundo ele, de um momento de desabafo para um amigo. Ele só não contava que o tal amigo fosse vazar o conteúdo da conversa. Mesmo assim, Hobus me disse que já conversou com o presidente da Fiesc, Mário de Aguiar, para que um estudo seja feito sobre os impactos da quarentena ao setor produtivo e o número de funcionários das indústrias que estão parados. Além disso, Hobus cobrará que o Governo diga quais os planos para o enfrentamento ao Coronavírus.
Arrependidos no PSL
Começou a bater uma grande preocupação entre algumas lideranças, sobretudo, prefeitos que se filiaram ao PSL a convite do governador, Carlos Moisés da Silva. Mesmo não sendo o momento, mas alguns neófitos no partido já demonstram preocupação com a dificuldade que Moisés terá de cumprir com as promessas. Com a economia em frangalhos por causa do Coronavírus, não haverá dinheiro do Estado para as obras nos municípios, além da possibilidade de não haver dinheiro do Fundo Eleitoral. Essa tem sido a conversa, de que os prefeitos ficarão com o cheque pré-datado em mãos, situação que já começa a gerar arrependimentos.
Volto a perguntar
O secretário de Estado da Saúde, Helton Zeferino, respondeu a questão levantada pelo SCemPauta na sexta-feira, quanto aos valores e a qualidade dos materiais adquiridos pelo Governo do Estado. Uma resposta que ficou em aberto é quanto aos ventiladores, mais conhecidos como respiradores artificiais. De acordo com o modelo que aparece na proposta, o equipamento adquirido seria o móvel, não o adequado para UTIs. Volto a perguntar: os equipamentos comprados, são destinados as Unidades de Terapia Intensiva, ou não?
Cadê a vice?
Desde que começou a crise do Coronavírus, a vice-governadora Daniela Reinehr (sem partido) simplesmente sumiu. Não é vista em reuniões e muito menos nas coletivas concedidas pelo governador, Carlos Moisés da Silva (PSL). Para quem deseja ser uma liderança de destaque, tem que mostrar a sua força principalmente nos momentos difíceis. Daniela está se dando ao luxo de sair a francesa de uma situação que lhe causará grandes cobranças quando tudo normalizar, ou na pior das hipóteses o simples esquecimento de alguém, que poderá ser lembrada por ter passado pelo governo sem deixar a sua marca.
Conselho de Bornhausen
“Caro Marcelo. Enfrentei a epidemia da poliomielite chamando o Dr Sabin e dando a ele o comando da operação. Vencemos a guerra aqui e no Brasil. A hora é de convocar os mais sábios e experientes em infectologia no nosso Estado e os melhores economistas para um planejamento comum. A sociedade catarinense é a mais solidária do Brasil e bem orientada ajudará Muito. A hora requer bom senso planejamento adequado e solidariedade humana, nada de política pregamos harmonia e diálogo. Abs Jorg”. Nota enviada pelo ex-senador e governador, Jorge Bornhausen.
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