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Jonata Mendes (PRD) iniciou o mandato de vereador abrindo mão do polêmico vale-alimentação aprovado no último mês da gestão anterior. Fez isso após a base do governo ter rechaçado a sua ideia de propor a revogação do benefício.
Requereu , há poucos dias, o recebimento do vale para “doação”, contando que ninguém entendesse uma situação natural – a ser considerada – de doar um mês podendo receber os subsequentes.
Foi o único vereador eleito sem utilizar fundo partidário. Para aqueles que esperavam independência, Jonata, politicamente, acertou permanecer na base do governo, e pode ter indicado membros da Casa do Conservador para cargos comissionados.
Esteve envolvido em um processo com uma suposta cliente. O caso encerrou-se com sua acerto pecuniária, segundo publicação de blogs locais. Há poucos dias, foi o único vereador a votar contra a declaração de utilidade pública da Liga das Escolas de Samba de Lages por convicções religiosas e, por último, utilizou sua rede social para lacrar com um discurso de moralidade sobre o fato de o vice-prefeito desfilar de carro conversível com sua sobrinha e mais duas amigas.
Estou falando do vereador mais contraditório do Legislativo lageano. É preterido até pela própria base. E, para mim, já está claro algo que as redes sociais ainda levarão tempo para perceber: Jonata Mendes tem recorrido a um moralismo que, na prática, não se sustenta.

Foto: reprodução

Vale-alimentação

Abrir mão de um benefício comum a todos para criar uma narrativa de princípios morais e éticos, em detrimento do entendimento dos demais colegas, não parece ser moral nem ético. Principalmente quando, depois de a poeira baixar, encontra-se um meio legal de reaver o que foi perdido. Uma manobra puramente articulada a troco de promover espetáculo nas redes sociais, que pode ser interpretada como uma tática para obter dividendos eleitorais.

Voto contra a Liga das Escolas de Samba

Segundo o vereador, o voto dele se deu por convicções religiosas. Nas suas palavras, a declaração de utilidade pública facilitaria a instituição na captação de recursos públicos.

A mistura de religião e política é um dos maiores indicativos de subdesenvolvimento de um país ou de uma região. Onde há desenvolvimento pleno, as pessoas sabem distinguir bem o papel de cada instituição na sociedade.

Quem quer pregar moralismo bíblico ou cristão precisa entender que a tribuna política não é o lugar mais apropriado. Lá tratam-se de temas diversos, sobretudo dos ativos culturais da sociedade. Logo, o mais adequado seria candidatar-se a padre ou a pastor.

Ir contra os interesses da sociedade por questões ligadas à religiosidade é ir contra o princípio constitucional do Estado laico. Quando convicções pessoais interferem no exercício da função pública, a sociedade inteira perde.

Na carona do conversível

A imagem do vice-prefeito em seu conversível, na formatura da sua sobrinha e de mais duas amigas na carona, combinada com a imagem recente dos últimos acontecimentos envolvendo Jair Júnior, pode sugerir uma conotação dramática, inclusive para quem consegue ver a oportunidade de lacrar em cima de um nome que engaja.

Mais uma vez, na carona da espetacularização da moralidade, não poderia faltar o vereador Jonata. Mesmo tomando cuidado com as palavras, tropeçou, mas conseguiu o objetivo de engajar. Disse ele não se tratar de algo pessoal, mas o vice-prefeito numa formatura de parente é algo pessoal. Ainda que cometesse uma infração de trânsito, seria questão pessoal, sem relação direta com o mandato.

Jonata quis uma parte da sobra da “carniça” do cadáver político do vice-prefeito para exibi-la em um novo espetáculo ao seu público, requentando a desgraça alheia para obter vantagens.

Por fim

O discurso da moralidade é uma armadilha perigosa. Hoje você bate, amanhã você apanha. Hoje você “mata”, amanhã você “morre”, e pelo mesmo motivo. Não há ser humano que escape da moralidade. Todos erramos, e erra mais quem tenta subir fazendo espetáculo dos supostos erros dos outros para se autoafirmar. A ascensão por meio da ferramenta da moralidade é rápida, e a queda proporcionada por ela pode não ser tão veloz, mas é um fruto inevitável de ser colhido.

Foi assim com Ceron, que, em campanha, tripudiou dos erros de Elizeu. Foi assim com Jair, que tripudiou dos erros de Ceron. Agora é a vez de Jonata seguir o mesmo caminho, mas com uma diferença: nem os ex-prefeitos nem o atual vice-prefeito chegaram ao primeiro mês de mandato encrencados com a moralidade.

Não é nada inteligente atirar pedras no telhado de vidro do vizinho quando o seu é de papel.