Da entrega “como pizza” à descentralização: a mudança de estratégia na farmácia básica de Lages
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O gargalo da farmácia básica de Lages se tornou um enorme desafio até para a prefeita Carmen Zanotto, que dedicou sua carreira política à área da saúde.
Filas extensas e falta de medicamentos são problemas difíceis de serem equacionados.
Como agravante, a falta de clareza quanto ao modelo de logística e distribuição expõe a necessidade de um estudo mais eficiente, que oriente esforços na elaboração de projetos e captação de recursos.
Mudar o modelo de entrega a domicílio (proposto em campanha) para a descentralização das farmácias, de forma abrupta, demonstra uma certa incerteza sobre ser o caminho definitivo. Está com cara de protótipo, evento teste.

Durante a campanha eleitoral, a então candidata Carmen Zanotto apresentou uma promessa ousada: medicamentos de uso contínuo entregues em casa. Em entrevista à Rádio Clube, Carmen detalhou a logística que pretendia adotar se eleita, afirmando que o serviço funcionaria “como entregar pizza na casa da pessoa”. Para viabilizar a operação, citou inclusive a possibilidade de apoio técnico de profissionais ligados ao Orion Parque e até da empresa NDD. Fonte: Bem Local.
Passados 11 meses de gestão, a proposta tomou outro rumo. Em vez do modelo domiciliar, a prefeitura agora aposta na descentralização da farmácia básica em cinco regiões consideradas estratégicas. A primeira unidade já foi inaugurada no bairro Vila Nova, dentro do posto de saúde.
O que diz um especialista do setor
Em conversa com um especialista em farmácias privadas e gestão pública, quatro pontos-chave foram destacados como fatores de preocupação com o modelo adotado pela prefeitura.
”A descentralização tende a descentralizar o problema. Ele aparecerá em cinco lugares ao mesmo tempo, criando mais atrito com a população e mais dificuldade para o poder público.”
1- Alto custo com pessoal
A operação de cinco farmácias descentralizadas exige estrutura robusta.
Segundo o especialista, cada farmácia deve contar com pelo menos 2 farmacêuticos, totalizando 10 profissionais. E mais: entre 15 e 20 atendentes seriam necessários para dar conta da demanda. Assim, o impacto financeiro pode ultrapassar R$ 1 milhão anuais apenas em folha de pagamento.
2- Aumento de faltas de medicamentos
O especialista chama atenção para um dado sensível: as faltas de medicamento chegam, em média, a 50% nas farmácias públicas. Esse índice ocorre por razões estruturais: picos de demanda de determinadas drogas, atrasos de fornecedores, compras centralizadas com planejamento insuficiente, variação de consumo conforme a sazonalidade de doenças.
Com várias farmácias em operação, a chance de um medicamento faltar em uma unidade específica tende a aumentar, mesmo que ele exista no estoque de outra.
3- Maior risco de vencimento de produtos
O outro extremo também preocupa.
Medicamentos de baixa demanda costumam vencer com maior frequência.
Quando o estoque é fragmentado em cinco unidades, cada uma passa a ter seu próprio lote, o giro de produtos reduz e o percentual de perdas aumenta. Toda farmácia, pública ou privada, trabalha com algum índice de vencimento, e, com a descentralização, esse índice tende a crescer.
4- Logística engessada e risco de frustração do usuário
O especialista destaca um ponto central: a logística. Se a prefeitura não implementar um sistema ativo de redistribuição diária entre as unidades, o cenário é previsível:
O paciente vai à farmácia mais próxima e, ao não encontrar o medicamento, precisaria ser orientado a procurar outra unidade. Isso pode gerar deslocamento, insatisfação e perda de confiança no serviço.
Na avaliação dele, a descentralização não resolve o problema da falta de medicamentos. Na verdade, descentraliza o problema e o torna mais visível mais rápido.



